02/12/2010

Poema bebendo café


(pra me redimir do Nietzsche)

O eterno retorno
O café da meia noite
Como um grito que ninguém ouve
Proclamar extratos exilados pela inexidão da inexistência
E ponto sem final
Para quem quer ser além do humano
Para ser demasiado

Diego Marcell
02-12-10

19/11/2010

Pequenos homens: (seus livros ou idéias)

(16-01-08)
Em seus limites
Os homens querem criar
Coisas pequenas
Para lhes distrair;
Pensam que seus livros
São as maravilhas dos séculos
E seus pensamentos, viagens estrelares.
Levam consigo
Seres pequenos
Como suas obras,
Que vivas em tempo póstumo do autor
Levam ao abismo
Estudiosos do banal,
Pois tudo que o homem criou
Acabará como o homem;
Até a idéia o bicho devora
E gerações que não se reciclam
Afundam com velhas gerações.
Só uma idéia
Atravessa o século dos séculos.
Criações divinas
Mantém-se ao tempo
Que lhes são escolhidas
E só há Um que cria
E permanece para sempre.

diego marcell
(aqui acaba o livro "poética em estética modertrô")

18/11/2010

Pra quem quiser

(07-01-08)
Chega de desculpas, só o acomodado não se enche de cultura!
Para os negativos, sejam lhes dado o sorriso.
Para os oprimidos, o alivio.
Para os chatos, o silêncio.
Para aqueles que falam de mais, a tecla “mudo”.
Ignorantes, falam, falam, mas não ouvem
E a bíblia nos ensina: “o conhecimento vem pelo ouvir...”

E a sabedoria de não se influenciar;
De tirar algo bom de algo ruim;
De discernir o que me serve e o que não;
Estar sintonizado com tudo e não cair em modinhas;
Não guardar preconceitos;
Ouvir, examinar e formar opinião;
Ver o que você tem pra melhorar e sempre tem;
Não se preocupar com falhas alheias,
Com o jeitão esquisito,
Com os vícios, pois vícios são todos iguais,
E o julgamento não cabe aos homens
Vitima do caos.
Cuidado pra não se afogar no egocentrismo
É o que mais ensinam nos últimos tempos, auto-ajudas.
Mas não bastam diplomas para um ser doente
Não sabe que é perecível?
Crê em Deus, que as outras coisas lhe serão acrescentadas.
Meditações no vazio, só te afastam do normal, da noção de
[vida
Abra o coração, e preenche com amor de Deus,
Pois o mundo te incha com o vácuo cheio de vazio.
Adoração vegetal? Vingança da natureza?
E quem criou? É melhor adorar o Criador,
Que ama e te cuida
Do que sentimentos inanimados que provém das criaturas.

diego marcell

Curita

(05-01-08)
Ah, curita,
Já estou com saudade
Cidade que respira seu foco fora de foco
Na paisagem...
Sinta-se à vontade
Colando cartazes
Eu vejo verde
Eu vejo as pedras sujas
Dos passos acelerados
Com a cabeça em plumas
Pelas fotos urbanas.
Podia sair, pra colar contigo
Deixar colorido
O deserto preto e branco;
Não há ninguém na cidade
Mas as paredes de concreto
Não cessam de expressar seus sentimentos
Já que nunca ninguém não viu seus movimentos a luz do dia
Ou sob velhos holofotes de avenidas cintilantes.
Profissão perigo agora mudou de sentido
Autônomos das artes, seus DNA’S estão por todas as partes.

diego marcell

17/11/2010

O tempo da escolha

(28-12-07)
As cócegas dos desvalidos
Escorregaram por hospícios
Hoje cambaleia a barganha
Por fragrância de cobrança
E alguma tolerância.
As chaves dos segredos foram clonadas
E os caminhos enfeitados para o comércio de almas.
Porém, hoje esperanças são doadas por bons mensageiros,
É o alento do tempo que se levanta
Véspera de tempo
Onde tudo se levanta
Dês dos muros da Cidade Santa
Até as gerações mais ousadas.
Véspera de grandes mentiras tornarem verdades
E véspera de profecia, é sempre uma felicidade.
O mal precisa de um esquema muito grande de dor
Pras pequenas conquistas;
E o bem, com seu amor, enche corações
E multidões adoram a liberdade
Ser livre para adorar a Deus.

diego marcell

16/11/2010

Roteiro pra cego?

(15-10-07)
Aquele movimento épico
Que transcorre em película
De dias nublados em galerias vazias.
É como aquele filme que ninguém nunca viu
Mas um poeta comenta com seu grupo de artistas,
E debatem e todos sabem, porque o ninguém aqui
É meia dúzia de ninguéns.
A folhagem é sintética e o amor expressionista
Mas o Brasil francês aqui é tão forte,
Que inventamos uma cultura futurista na retrôcidade das velharias do vídeo histórico documental,
Recitando poemas em preto e branco,
Como se o tempo não existisse.
Lasers cruzam o salão e bailam uma valsa sampleada
E o riso dos loucos na rua, esclarecem suas cegueiras
E as jóias na janela brilham, como quadros de um cinema hippie
Mesmo que o new wave seja tão brega quanto a nossa historia
O amor ás coisas não óbvias nos eleva a não sermos levados por opiniões.
Fazemos nossa moda, e temos nosso sítio,
Onde plantamos nossos vídeos, musicas, amigos, poemas e crônicas;
Mesmo que isso não importe, pois somos tão retrôs
Que a diversão é na hora de mexer a terra
De correr no sol, e suar no verão.
Mesmo que no frio do sul, da galeria nublada
Seja um prazer, pensar adoidado nesse cinema que ninguém filmou.
Mesmo que seja maior o prazer de viver e aprender e entender
E ver que o sonho vive
E que o impossível é real
Ou seja, não existir é existir.
A possibilidade em pouquíssimo tempo acontecerá,
E o mundo verá numa mega-produção
Todos os efeitos que roliúdi e seus computadores
Jamais foram capazes de criar.
E nós que sairemos da tela, regozijaremos no alto
Enquanto o mundo aplaude o roteiro;
Agora eles darão valor ao roteiro,
E acharão os efeitos especiais, muito reais para suas peles.
Mas até lá, os cegos chocam-se nas ruas,
E nós é que somos chamados de loucos
Porque o nosso desespero, é para chamar sua atenção
Evitar seus desastres
Sarar seus cortes, por curativos nas suas cabeças,
Mas enquanto muitos são chamados e poucos escolhidos
O roteiro caminha na perfeição de dias proféticos.

diego marcell

15/11/2010

“Aglutinência” social

(24-07-07)
Você partiu pelas costas de um amor platônico
Negou um sorriso ao palhaço
Nas escadas bambas de um fim de festa
Confetado pela amizade virtual de uma geração
Tão sem graça, mas que agregou alguns até engraçados.
Nos momentos de escassez
As gírias tomavam de assalto o tempo
Para disfarçar uma ignorância temporal
Passam os ritmos
Mas amizades se criam
Nascem
O som reaparece
E enche a galeria de alegria
A tecnologia continua em vasta ordenança
Ditando releituras sugestivas
Para nos lembrar que o conhecimento é o melhor remédio para essa escassez de informação
Subdivisões
E ecleticismos rasos da cultura pop.
A cabeça viaja por entre os neurônios da fase escrita
Levando-me a um texto muito maior que este até aqui.
Mas as cores do “modertrô”
Ou os elásticos do meu pai
Ou a conversa na escadaria do cinema
Ou os berros do rock
Ou o molejo do samba
Ou o brilho do olhar
Tudo isso, só aqui
No livro mais encoberto que a mídia não pode produzir
(ou não quis)
Só aqui ou ali ou depois ou sei lá
Numa seqüência beatfônica
Acelerada
Reluzente
Adolescente
Na experiência se completa
Bela como uma onda de revelações
Um lençol selecionado
Uma cura
Sobre o mal das pequenas ilusões
Que se aglomeram para formar
Um esquecimento
De um amor primário
Porém, fundamental.

diego marcell

“Aglutinência” social

(24-07-07)
Você partiu pelas costas de um amor platônico
Negou um sorriso ao palhaço
Nas escadas bambas de um fim de festa
Confetado pela amizade virtual de uma geração
Tão sem graça, mas que agregou alguns até engraçados.
Nos momentos de escassez
As gírias tomavam de assalto o tempo
Para disfarçar uma ignorância temporal
Passam os ritmos
Mas amizades se criam
Nascem
O som reaparece
E enche a galeria de alegria
A tecnologia continua em vasta ordenança
Ditando releituras sugestivas
Para nos lembrar que o conhecimento é o melhor remédio para essa escassez de informação
Subdivisões
E ecleticismos rasos da cultura pop.
A cabeça viaja por entre os neurônios da fase escrita
Levando-me a um texto muito maior que este até aqui.
Mas as cores do “modertrô”
Ou os elásticos do meu pai
Ou a conversa na escadaria do cinema
Ou os berros do rock
Ou o molejo do samba
Ou o brilho do olhar
Tudo isso, só aqui
No livro mais encoberto que a mídia não pode produzir
(ou não quis)
Só aqui ou ali ou depois ou sei lá
Numa seqüência beatfônica
Acelerada
Reluzente
Adolescente
Na experiência se completa
Bela como uma onda de revelações
Um lençol selecionado
Uma cura
Sobre o mal das pequenas ilusões
Que se aglomeram para formar
Um esquecimento
De um amor primário
Porém, fundamental.

diego marcell

14/11/2010

Um dia assim

(27-06-07)
A neve ainda está lá (quando abro a porta)
Cobrindo a seiva do outono (quando abro a janela)
Quando abro a janela
E o inverso desaparece, entre os dedos da lã antiga.
Das goteiras eu ouço a espuma que se forma
E sinto o cheiro do cinema experimental
(bem diferente do cheiro daquela arvore afetada no dia de hoje)
Verde como um livro, com capa retrô.
Todas as folhas caíram
E a cidade está limpa e natural
Foi varrida como um louco na tempestade
E a neve derrete, com aparelhos da clinica.
Muito dinheiro e muita espera (os carros passam na paisagem)
O tempo é contado de maneira subjetiva
Enquanto peças caem, peças aparecem
Dinâmicas como um fenômeno banalizado por tempo e quantidade
Como o tempo é potencialmente incalculável
Há espera e limpeza
Há anatomia e depressão
Nada se compara no amparo e desamparo de uma situação
Baseado no acaso ou demasiado no desmaio
Não sobra muito e ainda há muito a percorrer, a saber
E a fazer
Basta esperarmos.

DIEGO MARCELL

13/11/2010

Permanência por atraso - Acaso por insistência

(08-05-07)
Nem sempre
Há assuntos
Para suas mãos
Quando elas estão afim
E sua mente talvez não
Ou talvez sim
E seja somente falta de criatividade
Mãos em velocidade
Esquecem letras
E nas margens da folha
Esperam pedindo carona
E tudo indica
Que a chuva seja assunto maior
Já que da a sensação de cinema
Na madrugada quase fria
Silencio cinematográfico
Seguido de estalos cinematográficos;
Não esqueci
Porem o barulho da chuva
Faz parte do silencio
E é que minhas vontades
Mudam a cada dia
Umas se esquecem
E outras trocam de prioridade
Mas as esquecidas acabam achando uma carona
E retornam num dia qualquer
Inesperado
E as chuvas dessas chuvas
Sempre são bem acolhidas nas madrugadas
Porém dispensadas em horas impróprias
Assim como os trens que não se importam
Com seus atrasos e seus compromissos.

diego marcell

11/11/2010

Contando o movimento

(16-05-07)
Eu mexo nas gavetas
E não vejo nas entrelinhas
Da sua ironia
Com a minha poesia
Um dia frio por aqui
Quando todos fazem do rio
Um mar
Quando todos fazem do morro
Uma areia
Vasta imensidão
A BR que nos leva
As linhas das canções
Na noite
Até quando amanhecer
Permanecer na estrada
Pegar trem e avião
Carona nas azas
De um pássaro robusto
Carona no papo
De um casal
Cuca legal.
No quarto, sono
Pronto para acordar
Só perto do mar
É coisa de brisa, sei lá
A ilha nos leva fácil
Mas daqui...
Eu sinto igual
A poeira fica, acomodada
O vídeo corre avenidas
E pontes aéreas.
A musica no bico do passarinho
Rega uma flor na janela
E mesmo eu aqui
Com minha bela namorada
Uma porção de historias
E idéias
E uma certeza;
Isso faz da ilha apenas adereço
Sublime adereço
Que pelos correios se alimenta
Também pela publicidade barata
Tudo na calmaria da madrugada
Faz lembrar aquele mar reduzido pela luz da lua
Emoldurado pelas luzes de
Navios
Portos
Prédios
Cidades
E vilas
De pescadores
Velhos
E enrugados
Que não passam de detalhes da alvenaria
De uma poesia visual.

diego marcell

10/11/2010

Movimento estático

(08-05-07)
O movimento estático
Do silêncio
Visto na madrugada
Nos vídeos perdidos
No baú aberto
Do segredo
Esperando ser descoberto.
Escassez de água
Na chuva
E só na mídia eu vejo
Esse tal aquecimento global
Porque aqui está frio
Como uma foto bem tratada.
Em recados e e-mails
Em mensagens
E propagandas
Faz-se uma contra-cultura
Mais cultural que a tradicional
Porque esta agora, é uma cultura mundial,
Podendo circular sem legendas.
Façam um filme só com fotos
E nem os 12 Macacos serão novidade.
Faça uma obra para ser esplendida
E afundará na ignorância da globalização.
Perder-se-á nas ruas de Babel
Reciclar-se-á na mão de um DJ
Ou um performer qualquer.
A juventude consome-se no vazio da promessa dela mesma
E acaba se copiando dia após dia
E cada descoberta é tão velha
Que no seu tempo só há reciclagens
Onde idéias próprias foram extintas
E só resta reciclar a mais antiga
Que será mais novidade que as outras
E lhe renderá poucos minutos a mais de satisfação.
Mas espere! Seu visinho virtual
Já lhe ultrapassa novamente
Com um tesouro raro
Reciclado de maneira grosseira
Para poder rodar no Youtube.
Não esqueça que suas musiquinhas
Essas que seus pais não ouvem
São cópias dos discos velhos e lentos
Mas é que agora a rotação dos MP3’s estão
Virando-lhe os ouvidos;
Mas no mais
Já é uma geração gasta e manjada
E o céu da janela
E o blog
Não são orgânicos o suficiente para uma revolução
Um estudo aprofundado
Uma foto alterada
E um pó que economiza lugares
É no novo foco da cenografia (agora em 3D)
Depois não me venha com papo natureba
Porque a selva é de pedra
E as cavernas computadores com gigas suficientes
Para sua estada peçonhenta.

DIEGO MARCELL

09/11/2010

Estar no querer

(03-08-06)
Presumir o silêncio,
E as janelas sem fim
Que não sei onde dão.
Pedras, restos do que foi
Esse casulo cheio de repartições que estou.
Sou cinema no espelho
Sou droga no poeta
Se drogar e se escrever
Não mudará esse teatro,
Um saguão me liberta
Após o banheiro me contaminar
Alguma lembrança inexiste
A hora que eu acordar.
Discutem o físico e o biológico, a biologia
E eu sou um estranho no ninho
Lá já não há futebol
O frio cancela o amor.
No andar que eu estou
Na fome que eu estou
Quero me banhar em gordura
Em banha de bacon frito
Quero dormir no banheiro
Vendo um filme Francês
Quero me estufar até vomitar
E me estufar outra vez
Quero conversar com 12 pessoas
Todas ao mesmo tempo
Se entendendo, se movendo também,
A fumaça e a musica
Se mesclando na luz da tevê e do abajur
Baixo, percussão
Cavaquinho e guitarra.
Um de nós vai se candidatar (ou pelo menos quer)
Outros vão estudar e outros só olhar
Alguém quer retroceder a tecnologia
Já sou cético suficiente que essa possibilidade seja real
Que sou crente no futuro
Já li o que outros 12 escreveram
E curtir o futuro agora, até que é legal
Luzes frias dão o charme
No azul da estrutura
Luzes quentes dão o charme
No meu sonho poético, engordurado, cheio de gente
Que a minha cama me insinua.

diego marcell

08/11/2010

Dialogo

(30-08-07)
No árido terreno, na longevidade catastrófica da mente, onde se esconderam os sonhos? Ou as realidades dessas imagens, desses focos, desses fragmentos sem razão, sem exposição? Foi mera invenção? Não pode ser, deve ter criado de algum lugar, algum baú empoeirado deve contar alguma velha novidade. Mas eu não quero ouvir; quem me dera poder deleta-los, anais profundos que o tanto que já cobriu, quero mais; penso rapidamente na possível utilidade, não será uma boa utilidade! Farei muito mais útil o futuro, ou até mesmo o presente. Mas aquelas paredes tortas de álcool, ou o árido carpe de passadas embarradas, prefiro esquecer.

Berro de fruta
Pede algo novo
Becos de flautas
Escamas nas ondas falsas
De quem não as pega.
Beijo sem valsa
É tudo que peço
Vagões do timbre conciso
Marcam o tempo
Fornecendo informalidade
E separando seqüências sem linearidade
Para o re-corte
Do norte, Santa não Catarina
Como se fosse uma cor antiga
Resolver problemas sem urgência medicinal
Se os óculos aumentam
A pressão diminui.
E a praia fica aonde?
Tomara que com todo esse aquecimento global
Ela chegue até aqui
Só pra reduzir o trabalho de se perder
Ou ganhar, não importa,
Só pelo sossego.
E também pelo calor
Porque este frio ta muito chato,
E quando eu sentir falta
Vou dar uma voltinha pela França
Ou pela Itália nessa época;
Mas mesmo assim, acho que tenho certeza que ainda prefiro ir no verão.
Aí a serra sobe e o calor chega?
Sei lá
Mas de alguma maneira ele chega, afinal o aquecimento não é global?
Ou é só no Jornal Nacional?
Flauta doce para um novo som
No jardim, na igreja,
Bateria pra dançar
E roupas coloridas
Perfumadas de mirra
Viver por fé
E não precisar rebolar no fim do mês
Seus passos seguem
Uma mão que te guia.

diego marcell

07/11/2010

1o poema do sebo

(17-08-07)
Ter um caso rubrico na ponte,
Já que na escola, é mais progressivo.
A cidade que muda sua geografia diariamente,
É muito ruim, quando foi um belo cenário
Que não foi no mínimo agraciado na fita;
Já é passado
Só é historia
Conto.
Literatura, mas jamais será cinema.
Migrei para a terra natal, pelo menos criativamente
Quando atravesso a poeira,
Só para fazer dos passos, dos galopes, das freadas, ou seja,
Fazer do barulho natural da cidade, meu silêncio,
Meu pensamento, meu filosófico perfume voyérico filosófico.
Da porta pra fora, umas fotos;
Da porta pra cá, um cine-ambiente de memória,
Um gráfico no presente, e um palco no futuro,
Um filme muito antigo, que alguém me contou o final,
E eu esqueci,
Um ambiente imóvel, dependente da minha criatividade;
Até no esporte, torno a encontrar parte de mim.
Há um espaço entre a foto e eu, que pretendo domar.

diego marcell

03/11/2010

Apocalipse? Só se for agora!

(18-09-07)
As pessoas entram nas cápsulas
E rapidamente percorrem grandes distâncias
E através de uma pequena janela
Vê-se o mundo inteiro
E onde pisa
E onde encosta
E onde fica
É tudo torneado em pedras
E pedras das mais variadas e diferentes
E o verde é artificial
E as pessoas andam em linha reta
Como se não vissem outras que se cruzam pelas ruas de pedras
Essas ruas parecem um céu com estrelas que não param de cair
Invisíveis a olho nu, micróbios artificiais movimentam a
[cidade
Que não para
E os vírus alimentam a cidade
Olhos vidrados que não enxergam
Mentes e corações endurecidos
Como estas ruas de pedras coloridas
De formas variadas
Eletronicamente pisca a cidade
E o barulho de uma orquestra bem ensaiada
Ou melhor, eletronicamente programada
Sincronizada toca, regida pelo relógio
Mas nenhum ouvido pára para ouvir
Nenhuma boca abre para cantar sobre essa base de
Musica contemporânea
Só o coral de loucos e mendigos
Porque estes nem sabem o tempo que estão vivendo
Estes que restaram das esmolas empoeiradas da normalidade
Porque os outros que pelos canos circulam como sangue
Pelas veias da cidade
E seu corpo não tem onde defecar
E a cidade está entupida
E sua gordura não tem onde mais se alojar
E sua verdura está virando um cenário descartável
E sua energia está acumulada nos reservatórios
E seus bolsos estão derramando pelas ruas de pedras coloridas
A sua radiação
E as pessoas se contaminam, mas não se comunicam
Sem uma janela de proteção
E não se contaminam pelos olhos
E não se contaminam pela idéia
E a cidade se afunda na névoa da alucinada droga
E seus mundos paralelos desembocam numa cidade fantasma
E as torres de notas, desmoronam como espirros
E seus casulos cada vez mais abafados
Refrescam-se na promiscuidade das redes
E seus personagens cada vez mais irreais
Solucionam contas de matemática básica
E suas crianças são avós dos seus presidentes
E os cavalos coloridos fazem barulhos ensurdecedores
E os burros de carga costuram os casulos um pouco mais lentos
E os transportes programados esquecem seus códigos
E matam claustrofobicos em qualquer deserto suburbano
E as aves monstruosas caem dos seus ninhos mal cuidados
Matando milhares de pessoas
E os elefantes esburaqueiam e atrasam longos trajetos
E as grandes serpentes seguram a cidade na hora do rush
Cruzando lenta, com sua mercadoria
E um câncer se forma, e como vulcões explodem em guerra
E desse câncer sai a alucinada névoa pra mente da cidade
E os labirintos cada vez mais, indecifráveis
Guardando cada vez mais, coisas indecifráveis
E o manto de dígitos que cobre a cidade,
Dos pés a cabeça
Deixando-a sobreposta de informação
Marmitex,hotel, promoção, 50o graus, ...
E dentro daquela base de orquestra
Há um play-back de locutores que cantam suas promoções,
“_hoje promoção de tainha!”
“_não percam no próximo sábado, show com os robôs efêmeros!”
E os bancários sobem escadas
E os técnicos dessem galpões
E os chefes bebem seu óleo disel
E os andróides fazem fisioterapia
E os alunos fabricam cobaias
E os professores limpam as pistas
E os policiais fumam os crimes
E os prefeitos nadam no espelho
E os religiosos mentem ás estátuas
E as prostitutas brincam de santa
E os viciados ascendem suas velas
E os errados fazem sua parte
Enquanto os motoristas fazem greve
As aberrações fazem um advogado
Porque no SUS ninguém trabalha (como na prefeitura)
Dentro da maquina, a lei vigora
Lei dos piratas
Os pedófilos marcam consultas

E no telemarketing ninguém tem no chip a resposta pra sua
[pergunta
No mercado municipal, você compra os produtos
E a receita pra sua bomba atômica caseira
E uns vírus enlatados para uma guerra biológica
Com seu visinho chato, do bloco 13
O almoço e a janta, custam o genérico R$5,50 na farmácia,
Duas cartelas, para duas semanas
E o café da manhã, você paga baratinho
No bueiro da esquina, próxima estação.

diego marcell

02/11/2010

Alecrim

(30-09-05)
Minhas lagrimas são pedidos a Deus
Minhas lagrimas querem quebrar este quarto
E o silêncio
E o pecado
E todo asfalto
Querem molhar as vidraças
E depois estraçalha-las
Minhas lagrimas
Querem que meus pés corram
E terminem o deserto
Num segundo
Eu quero jogar bola
E deitar nos vinis de alguém
Quero pisar, pular
Nos vinis de alguém
Quero quebrar
Os tijolos de Berlim
E indicar o sentido dessa raiva
Desfocar as cartas perfumadas
Riscar os vinis de alguém
Saber o que é alecrim!

diego marcell

01/11/2010

Barro

(21-09-05)
Toletes de barro
Caem do céu
Em paralelo cai
Caem gotas largas de lagrimas
E até parecem cristal
Mas somos imunes
A sujeira desse tempo
Vingado pela força do céu
Não é para nós
É só para as criaturas.

diego marcell

31/10/2010

Quantas idéias

(06-09-07)
Idéia, risco de tempo
Pingo de gás
Chama de estrelas
Idéia,
Segundo abstrato
Lapso de perfeitude
No não lugar caótico
Cor no nada
Gol no estádio abandonado
Atuação perfeita do cotidiano
A ultima frase da canção
[tudo que veio antes, era besteira
Idéia é o ganho de um todo perdido
Idéia é o jogo descritível do impossível
Idéia é remédio sem contra-indicação
Idéias que se perdem, deixam o perfume da esperança
Idéias que deixam a essência
Ou idéias que se perdem, mas alegram o que seria frustrado
Idéias que não vieram para cá
Mas estão numa linha de um texto banal
Estão lá, no silêncio póstumo
No silêncio barulhento do porvir
Estão lá para salvar o texto
Estão lá como fotografias do épico
Pra salvar no momento certo
Um quase irrisório momento de poeta
Estão lá, espremidas, amassadas
Humildemente tranqüilas
Elas são, o velho camisa 10
Que sabe que só ele sabe
Mas espera a hora certa
O momento mágico, não é ele quem faz
Mas é ele quem usa
Ele sabe, o momento chegou, ele sabe perder o momento
Isso é a idéia
Um risco no tempo
Um vácuo no espiral
Uma chama de rabiscos
O lapso
A perfeitude
Do lugar comum fora de ordem
Fora de órbita
Fora de si.

diego marcell

30/10/2010

Limite

(24-11-07)
As verdades do homem, o aprisionam
Na escravidão de acreditar nele mesmo
E criar azas secas e mergulhar no abismo
Na velocidade da queda, achar que voa pela própria força
Se esse músculo rasga
Só assusta o outro braço
Mas o metal que corta o seu fio
Não se abala com o que a carne acha
E ri de quem se ilude no próprio limite.

diego marcell

29/10/2010

Todo tempo

(Pra Keelzinha, 2006)

Eu nem derramaria sobras de tentativas para infectar
Nem amarraria o passado, para não vê-la chorar
Só quero me livrar dos pacientes.
Que o fim de semana seja nosso
Ou que as outras noites não precisem ser chatas
Não adianta ter você, sem você na madrugada
Quero-te 24 horas, e te falar agora
Sem precisar relembrar no outro dia e ainda esquecer
Das desculpas de qualquer coisa
Do dizer em forma de fazer “eu te amo”
Que é muito melhor
E ele tem sentido real
Porque só realmente a gente sente.
Eu amo de longe, pelo telefone
Mas te amo comigo
De todos os modos e sem modos
Todos os momentos e até nesses momentos
Longe,
Só,
Saudade,
E viagem.

diego marcell

26/10/2010

Revelação

(07-05-07)
Os anjos do mal
Caem com a beleza
Da profecia
Que se realiza
De antiga poesia
À história que se inicia
É a profecia
Em seu tempo
Esplendido mistério
Nos é revelado
Em velocidade, desconhecida.

diego marcell

21/10/2010

Só aos 15 anos de jogo

(04-09-07)
Gelo sobre os poros
Mas ninguém sabe o que há por baixo
Gelo que muda a geografia
No silencio da sensação
Que agora é delicada demais pra fazer algum som
Misterioso algum tempo
Nas dores da lentidão
A lentidão que hoje é essencial para não sentir as dores
Que o branco multiplicou.
Tudo é muito estranho
Quando você não sente um dia comum
Um aquecimento comum
Que a cabeça não acha
Na estranheza da tranqüilidade
O risco corre nas ruas que a adrenalina recua
Parece que os minutos foram comprimidos á minutos depois de
[minutos
(ou melhor)
Depois de um segundo (ou um tempo irreconhecível)
Que os minutos começam a valer.
Uma cena cansada de ver,
Mas agora compreendida na pele
O perigo de não entender o personagem
Não vestir sua pele
E acaba fazendo vexame ao não respirar sua alma
Numa pergunta,
Numa corrida,
Numa dividida.

diego marcell

20/10/2010

A mulher fatal não encontra o coronel do café (do gibi)

(18-10-07)
Retrato obliquo de uma vida em desenho
Fórmula esnobe na mentira da existência
Ação envolta por roteiros marcados
Cheiro artificial no buraco, um tiro na parede
Rastro pecaminoso.
Olheira subjugada no manequim
Um pó pra cada frasco
E uma grande poeira pra sua estante
Na parede, ser modelo, ser exemplo
Nas ruas ser normal, naturalmente artificial
Carregar pastas cheias de documentos falsos
Cifras negativas
Devendo uma boa história
Uma boa razão
Uma boa vida.
Desenho sem cópias
É negar a própria existência.
Cheiro falso das ruas
Moças virgens ardendo pela hora errada
E um pistoleiro aposentado,
Aguardando sua eterna recompensa que nunca chega
Pois o seu nome não consta mais nem na caixa postal
Muito menos no Google.

diego marcell

16/10/2010

Poesia new wave

(22-10-07)
Ocupando o salão
Encostando nos seus palanques de sustentação
Um pouco do impossível
Toda velharia das galerias
Todo produto que conservou
O antigravitacional
Não resiste ás traças
E aos invisíveis.
Um por do sol rebatido
É sem graça
Entra aguado pela porta
Arrasta-se cansado pelo chão
Escamoteando a beleza natural da avenida.
Quero encher de luzes brancas
As prateleiras
De revistas de uma cor natural
Empilha-las
Livros disformes, como o delírio de uma metrópole em sombras
O luar é branco, como as espadas de luz
Pichações, batidas, jeans velho
Móveis de época
E modernos computadores
Tudo onde grita a plasticidade do sonho
A mente batendo na roupa
Não raro por aí, mas parece que sim, por aqui.
Desfile e tropece por montanhas literárias
Embarque nesse mar
Com navios musicais
A sonoridade da palavra
Teatro
Aprende-se no ar.
Conchas do mar e eu quero a pele que o vento gosta
Negros bolachões para cultivar a bulimia
E os raios elétricos fazem dançar
Sem auxilio de drogas,
Movidos à água.
Remexidos no tempo.
Luz pra quem conhece, gelatina
Já não precisa, reflete nas
Jaquetas coloridas de couro e
Nas de vinil. A memória cobre
As paredes e ninguém fica sem assunto.
Troque tiros de festim, o campo está montado,
Mas não fira o outro com palavras erradas,
Entenda os motivos.
Caixas para todos os gostos
Todas as cores
Todas as modas
Certas e erradas
Mas a tendência é a busca e a certeza da certeza
A diferença de estilos e um pensamento que une
Venceu a incógnita do deserto no salão?
Talvez sim, talvez não, mas o progresso invade o sonho também.

diego marcell

15/10/2010

Stúdio

(05-11-07)
As pessoas passam
Sacolas penduradas em ombros duros
A dança não sai da cabeça
Como o telespectador do filme.
Mas um manequim que se lambuza com a tinta
Sozinho no seu estúdio
No seu espasmo
Baba-se com letras que lhe sujam a cara
Os livros estão derretendo em seu cabelo
E as ondas do disco mexem as cores no teto.
As pessoas são robôs que se repetem num programa no vídeo
E a sua caneta ainda dança
Mais lenta que a cabeça.
Talvez o fragmento seja esse núcleo
Que se completa na estética
Do que o artista sente
E ainda sendo um fragmento
Minúsculo
Já é maior que o infinito abstrato da razão
Das pessoas normais.
Os prédios se formam nas estantes
Mas só num clip oitentista se veria.
Eu mergulho nas espumas desse núcleo
Nadando em busca de alguma surpresa
Enquanto as paredes se movem
Os carros passam no mesmo sincronismo
Enquanto os livros mudam as linhas de lugar
A internet evolui na mesma retrocidade
De notícias óbvias.
Só a fome muda os valores;
A cor e a dúvida se resguardam.

diego marcell

14/10/2010

Sistema urbano

(09-05-07)
A cidade é uma massa eufórica,
De pigmentos alusivos.
Cortinas são essenciais pra essa característica
Onde as sombras dos prédios
Formam miragens
Das mais diversas linhagens.
Das janelas das naves
Os riscos formam galáxias
E as ruas são velozes de mais
E só os sinais
Vermelhos cometas
Alterando o sistema.

diego marcell

11/10/2010

Répiauer

(02-10-07)
Depois da ponte, eles não riem mais
Salve raras exceções
As aberrações agora tiram a fantasia que os equalizam em seus
[empregos na outra sociedade
Agora o bizarro supera o relógio às cinco e meia da tarde
Aqui a cortina revela sonhos que você desconhecia
É só cruzar o estado pra playboy pedir esmola
E patricinha sujar os dentes
É só passar uma marca, para acenar com alegria para outros
[internos e dementes
Se a razão permeia a espera do trem;
Também a verdade descanse no meio dia;
A metamorfose avança depois das cinco.
Tanto pra quem vai, quanto pra quem vem.
Tanto pra quem não é mais o mesmo,
Quanto pra quem nem sabe quem foi.

diego marcell

08/10/2010

Na noite do centro da cidade

(30-07-07)
Eles querem fumar um cigarro
Varrer uma calçada
Que eles ajudaram a encher
De pombos
Eles querem dormir no frio
Como quem se cobre com estrelas
Mas de nada eles se vestem
Já que buscam o infinito
Que de tão infinito
Torna-se escuro
E não os cobre.
Suas costas, asmam
Seus brônquios, choramingam
Suas tetas, mamam
E seus medos, se floreiam na parede
Do muro social.
Seus relógios, rolexeiam pelas enxurradas
De uma boca-de-lobo.
Na cultura de um personagem sem passado
Seu passado é como seu cobertor de infinidade
Rolando, rolando
Sem saber mais, o que é verdade.

diego marcell

07/10/2010

A mosca radioativa

Sociedade

(2006)
Oh sociedade!
Onde está você?
Eu quero te ouvir
Eu quero te ver
Oh! Sociedade!
Você tem que aparecer
Ter motivo para existir
Eu quero te conhecer
Todos têm que conhecer
Você tem que expressar
O que te coroe
O que te faz pensar?
Todos dizem que você não pensa
Que por isso a tratam como animal
E se satisfaz
Com futebol e carnaval.

diego marcell

06/10/2010

Foram idéias

(19-08-07)
As vezes perco algumas teorias, filosofias ou poesias
Pelo sono
Pelo sonho atracado por outro
Pela falta de caneta
Pelo excesso de pensamento
Ou por viajar na escrita e esquecer o que eu ainda não [escrevi
Mas que era primordial, até então
E foi o que me aconteceu neste momento!

diego marcell

04/10/2010

Filme do Sebo

(01-09-07)

Reproduzindo a idéia
E delirando o descompasso social

O vício está na palavra:, “café”
Ou o corpo é muito esperto
Ou a mente que esta fazendo um jogo, estilo filme policial
Onde o que parece o óbvio, não é.

No tango das antigas arquiteturas da rua,
Vejo a beleza natural do despertar da juventude humilde
Com seu pop-genérico,
Deglutinando um café improvisado
Enquanto vê os carros, á passar

Ir ao Sebo, para achar disco da Cindy Louper

Ninguém não é gênio o tempo inteiro!
Alguém é gênio o tempo inteiro?
Ninguém é gênio o tempo inteiro!

diego marcell

27/09/2010

Anos 20,30

(04-09-07)

No colégio interno
Onde dormem os bonecos de Olinda
Onde as visitas não são bem vindas
Onde o assunto não passa de um café magro e pequeno
No colégio interno das famílias religiosas
Onde o costume e a razão, não passam do portão
Na rua com som alto
No amor com falso respaldo
“fazer parte da família”
“do trabalho”
“do moral e cívico colégio interno”
Até certa idade
Desde quando eu não sei
Jogam cartas os coronéis piratas
Das vilas cheias de boatos
Seres e aberrações
São as lendas da cidade
Lendas vivas do dia a dia
A mulher barbada e sua família normal
A prima Biela e suas pernas e seu gogó
As empregadas negras
E o amor proibido e suas provocações
É assim que a canção faz!?
Faz musica?
Modesto malandro
O noivado é pra fugir do colégio interno
_ “mas como é que se casa?”

diego marcell

22/09/2010

Do barro ao ouro

(28-08-07)

Beleza única no Jardim do Moinho
Estranha no ninho
De Maravilha ou de Veneza?
Na moda de Milão
Nas cores do namorado
Aprende a ser brega
Aprende a ser atriz
Estrela única no Jardim
Ainda não colheu todas as azaléias
As Hortênsias
Só as orquídeas
Que eu nem sei quem são
Mas das sandálias azaléias
Ou das cafonas rosas
Só conheço as hortênsias da serra Dona Francisca
Ou da casa da minha vó
Criança única da minha beira-mar
Colher o leite do seu corpo
É melindrar o mistério de um filme corroído por traças na [cinemateca
Dentre o borrão da tinta emergida do universo
Você coordena uma orquestra atrapalhada de lições
Despreocupa-se com a minha rouquidão mitológica
E me dá azas para sumir da frente das câmeras
Canto sísmico ensinado a gerações
Chegou a nossa vez
Acabar com os acessos repetitivos dos departamentos sociais
De literaturas escaladas
De musicas supostas
De frenesis orientados
Acabamos com o limite
Gasolina, sola, mola
E na fé ao combustível inimaginável
Aos jardins mais que floridos
Cercados de ruas de ouro.

diego marcell

21/09/2010

Faz-te desertar

(19-06-06)

Asfaltaram o deserto
E o cabelo me entra á boca
Na mochila os CD’s
E nem um copo d’água
Nas mãos teu cheiro
E nem um sinal de água
Na garganta um cachecol
E um caracol na garganta do mundo
Que sou eu
Dançando meus olhos no espelho dos seus
Minha cama não é minha
E nem é nosso esse lugar
As fezes bordam o parque
E só uma mulher está dançando na própria janela
Aquelas com vidros canelados
Aquelas de apartamentos apertados
Esse nem tanto
Pois sobram salas no deserto
Sobra tempo pros sem assuntos
Sobra cigarro pro teu cinzeiro marketeiro
Sobra brilho pro teu banheiro imundo
Prefeito que lamento
Do deserto sobra eu, meu amor e areia
O asfalto se repele a cada fração estendida de borrachas
E fuscas mal cuidados.

diego marcell

14/09/2010

Relatividade do amor

Desculpe se te fiz chorar
As minhas mãos estão sujas
E o seu rosto
Imagem semelhante...
Do amor
Em respiração

Que recordação posso não ter?
Se pra sempre viver
Nos seus olhos
Nos meus
Em todos
Em um

Que beijo é novidade?
Pela saudade dos seus
Da saliva na minha garganta
Derretendo a hipocrisia
Dos delinqüentes intelectuais
De idades avançadas
Sociais
Derretendo a hipocrisia
Das vidas
De criaturas indigestas
Diferente da sua saliva
Diferente da nossa sujeira
Diferente da gente
Iguais a tudo no mundo

(21-06-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

13/09/2010

Vida própria aos filhos

Sem temas meus poemas querem cantar
Orar passeando por ouvidos desatentos
Querem congelar o momento
Petrificando o ar arrogante
Alguém quebrará o silencio pós-poema
Encorajando-se moerá elogios aos versos
E mantendo fiel a rejeição
Ficará mudo ao autor
Pois poesia é vida
É morte
É alma sem alma
Não tem sentimento apesar de ser o próprio
Não defenderá seu pai
Que, no entanto estará feliz ao elogiado filho.

(06-07-06)
diego marcell - poética em estética modertrÔ

07/09/2010

Cabeça

O chão dos anos 80, e uma dança, a própria Argentina.
A Argentina está aqui
Os anos 80 estão aqui
O que vai ser uma década?
O que será o interior de um ser, de um ano, de uma festa, de
[um ser
O que faz a cabeça?
O que faz o motor?
Se não vive o amor
Pode-se viajar?!
Só a cabeça e o motor só te levar
E a cabeça pode levar, e ficar, e pescar e voltar ou ficar
[de vez
Só a cabeça pode viajar
Ela está dançando, nesse chão preto e branco
Ela está evaporando pelas frestas dos ouvidos ou da porta
Ela é uma camisa de força
Ou uma nave espacial
Dependendo do dia,
Do pai e a mãe
Dependendo do professor
Tem aqueles que preferem o motor
Eu prefiro a cabeça
O liquidificador.

(23-08-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

06/09/2010

Papiro moderno

Porque a poesia hoje é clandestina?
E os punk’s, pop’s?
Quem é o homem do casal?
Com que idade sou independente?
Hoje quase nada faz mal!
E falar inglês me é tão importante.
Hoje quase tudo faz mal!
Mas na verdade não faz mal.
É a evolução, tecnologia, computador
E a inteligência fica armazenada no chip
Para não ocupar espaço no cérebro!

(28-03-06)
diego marcell - poética em estética modertrÔ

05/09/2010

Passado alguns dias

(Sentimento próprio, dedicado ao amigo Israel, em sua volta as terras do sul).

Para mim, o passado não existe
Esfarela-se num chão liquido
Evapora no vento dos dias
Dias regeneram a célula da vida
Deixando a cicatriz da lembrança
Fragmentada em uma parede
Parede pintada em camadas
Contando-me só a partir daí
O que eu quiser
Para ser e durar
Vou me manter vivo
Levando o presente para sempre
E o passado esquecer
Pro futuro não reclamar.

(19-04-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

04/09/2010

Retórica

A retórica não causa rotação, apenas rotatória!

diego marcell - poética em estética modertrô
(19-04-06)

Hoje

Hoje eu queria ver a chuva
Alinhada em rastro de suor
Ela iria cantar a noite toda
Para nosso sonho sono livre
Hoje eu queria barganhar
Trocar o frio seco, por calor úmido
Queria trocar a multidão solitária
Pela dupla perfeita, que somos nós
Que embalamos curiosidades
Em frases e cumplicidade
Nossos crimes se estabelecem
Nas paisagens do nosso beijo
Se as línguas falam por elas
Nossos pensamentos se telefonam
Na linha do amor
Na chuva dessa nuvem
Que o avião cortou
Que me acordou
Pensando em você
Andando com você
Sendo um só amor

Hoje eu queria ter o Brasil
Só para nós dois
Conversaríamos com alguns índios no quintal
E voltaríamos para nosso quarto quente
Que explode em sol e lençol
Desligaríamos o radio que molha
Para uma ducha ligeira de cachoeira
Ligue novamente nessa estação
Para dormirmos mais um pouco
Para nos sentirmos a tal ponto
De flutuar sobre a Guanabara
Sobre a nossa sala
Que tem varanda que nos chama
E nos acalma

Eu sou poeta, você é poetiza
Eu sou poeta, você é poesia
Eu sou você, você é alegria
Eu sou alegria e minha poesia
Você sou eu
E quando estamos longe
Somos só nostalgia.

diego marcell - poética em estética modertrô
(19-04-06)

Hoje

Hoje eu queria ver a chuva
Alinhada em rastro de suor
Ela iria cantar a noite toda
Para nosso sonho sono livre
Hoje eu queria barganhar
Trocar o frio seco, por calor úmido
Queria trocar a multidão solitária
Pela dupla perfeita, que somos nós
Que embalamos curiosidades
Em frases e cumplicidade
Nossos crimes se estabelecem
Nas paisagens do nosso beijo
Se as línguas falam por elas
Nossos pensamentos se telefonam
Na linha do amor
Na chuva dessa nuvem
Que o avião cortou
Que me acordou
Pensando em você
Andando com você
Sendo um só amor

Hoje eu queria ter o Brasil
Só para nós dois
Conversaríamos com alguns índios no quintal
E voltaríamos para nosso quarto quente
Que explode em sol e lençol
Desligaríamos o radio que molha
Para uma ducha ligeira de cachoeira
Ligue novamente nessa estação
Para dormirmos mais um pouco
Para nos sentirmos a tal ponto
De flutuar sobre a Guanabara
Sobre a nossa sala
Que tem varanda que nos chama
E nos acalma

Eu sou poeta, você é poetiza
Eu sou poeta, você é poesia
Eu sou você, você é alegria
Eu sou alegria e minha poesia
Você sou eu
E quando estamos longe
Somos só nostalgia.

diego marcell - poética em estética modertrô
(19-04-06)

03/09/2010

Frescor

O frescor do passado
Vem-me retalhado
No cine sonho de memória
Revivendo outro eu
De outro tempo e pensamento
De outras pessoas
De futuro encoberto
Por frescor de presente
Por frescor de futuro
Frescor de imagem
Só em sonho de cheiro
Só em alegrias do passado
Que hoje não existe mais
Pois o que ainda existe
Ainda é presente.

diego marcell -* poética em estética modertrô
(05-04-06)

31/08/2010

Circulo vicioso II

E quando as escadas ficaram pesadas para as pernas
O frio irresponsável ficaria de fora dos atos
Eu viajaria o mundo em boa companhia
Esquecendo a província que vai me conhecer tarde demais
Posso esquecer das companhias fraternas
Pois me acostumei dês de sempre assim
Só não esqueço outras duas
Pelo mesmo motivo
E quando as escadas ficaram secas
Bebi cafés com leite
Fiz musicas para todos
Fiz poemas sobre tudo
E quando comecei a me sentir derrotado
Venci outra vez
Por méritos de um time vencedor!

(26-04-06)
diego marcell - poética em estética modertrÔ

30/08/2010

Galeria de arte

Que saudade daqueles cartazes de cinema, cobrindo as paredes da galeria de arte,
Aquele cheiro de arte,
Vapor de café,
Vapor de liberdade,
Pensamentos se procurando,
Querendo saber a novidade do outro
As historias e os projetos
Aquelas moças descoladas
Aqueles rapazes elegantes
Aquelas bolsas perfumadas
Aqueles flash’s gozando
Um ar gelado na primavera gostosa
Lá fora,
Dentro sem vento,
Gelo,
Vapor,
Café,
Pensamentos
Que teatro você escreveu?
Aquele que eu atuei!
Que filme você atuou?
Aquele que eu assisti!
Onde você está tocando?
Ouça minha nova poesia!
Aquela que fala da tua vizinha,
Da tua amiga,
Da tua antiga
Já viu os quadros do...?
Sim. Amanha na outra galeria.
Já viu meu novo publico?
Sim. Naquela sua poesia.

(06-06-06)
diego marcell - poética em estética modertrÔ

Galeria de arte

Que saudade daqueles cartazes de cinema, cobrindo as paredes da galeria de arte,
Aquele cheiro de arte,
Vapor de café,
Vapor de liberdade,
Pensamentos se procurando,
Querendo saber a novidade do outro
As historias e os projetos
Aquelas moças descoladas
Aqueles rapazes elegantes
Aquelas bolsas perfumadas
Aqueles flash’s gozando
Um ar gelado na primavera gostosa
Lá fora,
Dentro sem vento,
Gelo,
Vapor,
Café,
Pensamentos
Que teatro você escreveu?
Aquele que eu atuei!
Que filme você atuou?
Aquele que eu assisti!
Onde você está tocando?
Ouça minha nova poesia!
Aquela que fala da tua vizinha,
Da tua amiga,
Da tua antiga
Já viu os quadros do...?
Sim. Amanha na outra galeria.
Já viu meu novo publico?
Sim. Naquela sua poesia.

(06-06-06)
diego marcell - poética em estética modertrÔ

27/08/2010

A doença, o amor e o soneto.

Amar é compartilhar doenças
Amar na pobreza e na riqueza
Como nós
Como nossas vidas, familiares nonsence
Rindo ridicularizados
Quebrando esquemas sociais
Podem levar as chaves
As portas
Eu sou livre sem dinheiro
Sou rico sem casa
Sou criativo travado
Careta remediado
Louco parado no meu imenso cerebelo
Coberto de cabelo
Estou faminto escrevendo
Vendo futebol
Divertindo-me sofrendo
Queimando água no Rio Negro
Estou injetando curas na doença cauterizada
Estou tremendo, tranqüilo e tenso
No mundo médio pequeno
No pensamento intenso, imenso
É muito bom amar
Ler é muito bom
É muito bom te amar
E amar mais.

diego marcell - poética em estética modertrô
(19-06-06)

26/08/2010

Sonho: poema para amigos

Quero beber as situações inóspitas
Como a flecha de um desejo
Que coroe como sonho na alma
Daquele que recorda seus prazeres do sentimento amigo
Numa historia imaginária e fictícia
Com sabor de estrada passada com transpiração
Onde caibam essas mesmas sensações na versão
Transpiração literal em álbum de recordação
Que só relata o que foi bom
Como os abraços de saudade
Como as historias de verdade
Como os beijos que voltam ou perpetuam numa lição
Nesse livro que os leitores são personagens
E personagens são os escritores
O tempo agradece sua própria conservação
Cada página cantará sua canção
Como num conto de pessoas encantadas
Como lembranças que caem brilhando do céu
Umedecendo nossos olhos
Sempre tão rudes a nós mesmos
Na esperança desse mundo ser tão pequeno
A ponto de qualquer personagem vir seca-los
Ou umedecer-se também
Já que o capitalismo não tem importância
Já que só a fragrância do passado pode nos puxar de onde
[estivermos
Obrigado pelos amigos de ontem
Obrigado pelos amigos de hoje
Obrigado pelos amigos que virão
Amém.

(não é para aqueles que acham, é para aqueles que não sabem).

diego marcell - poética em estética modertrÔ
(18-03-06)

20/08/2010

Das saladas

Queime o vento quando acordar
Morda os lábios ao me seduzir
Tranque os dias
Para fugirmos do país
Dentro de blocos sem notas
Dentro de musicas e homenagens
Podemos passar a tarde namorando
Sinta o calor do caribe
Nos dias longos do Brasil
Só precisamos de violões
Nem película se usa mais
Nem computadores de apartamentos eletrônicos
Mas se bater uma saudade
Fazemos uma salada com todos os direitos
Com todas as línguas
Todas as cores
Todas as modas
Cheias de rodas
Serão as esferas do verão
Uma síntese de calor humano e desumano
No mesmo resumo
Será o tempero
De horas ocupadas
Por palavras
E nós, simplesmente nós.


DIEGO MARCELL - poética em estética modertrô
(18-06-06)

19/08/2010

Esse inverno

A neblina se desenha
No final de uma luz
Os cheiros trafegam
Em metros quadrados de noite
O escuro descobre um rastro
Iluminado no céu em barras
Cortado por arvores secas de outono
Úmidas do gelo cortante do inverno
Meus dedos ardem
Circulando um sangue preguiçoso
Que esqueceu o ponto extremo
Um pólo magnético e distante.

(26-05-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

18/08/2010

Pichações analógicas

No sub-mundo do meu quarto
Eu reparo
No amparo
Nas pichações analógicas
Nos adesivos de nicotina...
Nas janelas das grandes cidades
A usina não ensina
O trabalhador a viver
A beber sua cerveja
A morar no cubo isolado...
Referencia de assalariado...
Ou não
Isso é sobreviver, patrão!
Só isso de longe
De pronto
Forçado a compreender
Inalterado socialmente tem que aceitar
Desestimulado gradualmente, só pode aceitar
Desumanizado ficcionalmente
Ele pode se mutar
Só assim
Se auto-medicar
Para ter animo e perspectiva própria
De rebelar-se igual ao rico
Igual ao pobre
O oposto dos “ricos”
O oposto dos “pobres”
O nervo e não mais o servo
O novo
Não mais o predestinado a sofrer.


(27-06-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

02/08/2010

A lei da gravura

Todas estão gordas no verão
Todas cheiram mal no verão
No cartaz elas são esbeltas
E fazem propaganda de perfume
Um poeta sem valor é um doce, cansado do aniversário
No cartaz não tem poesia
Elas são jovens na parede
Na guerra, na revolução
São velhas e feias aqui, no meio do povão
Mesmo com todo ventilador
Com toda base e batom
Chega de pagar conta
Vou fazer de conta
Que sou o selo da historia
O elo da manhã e da noite
Um poema não cheira mal
E não faz propaganda de perfume.

(14-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrÔ

01/08/2010

Assino em baixo!

Nada parece bom
Minhas roupas, agora quero doar
E aquela imagem
Que me sugava
Sonhos que nunca decifrei
E aquelas cartas que me mandavam
Será que ainda dá para responder?
Será que o conteúdo importa?
Será que ainda há endereço?
Minha assinatura
Parece cópia fajuta
Da minha assinatura
Por isso pinta o polegar
E carimbe seu corpo
Provando meu digito
Em seus pontos de perigo
Suas teclas, seus atritos
Podem mandar o exercito
Nada pode deter um polegar negro
Pintado para a guerra!


(02-07-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

30/07/2010

Masculina feminino

Molho meu contorno
Sentindo a cor nos dedos
Come quente o frio
Por apenas chegar em casa
As letras das musicas
E a gasolina
Alastram-se por outro motivo
Um é a comida
O outro a preguiça
E ambos são femininos
Embora eu não admita
Embora eu sendo masculina
No substantivo
Admito-me feminina
No positivo e operante
Que se expande ao meu amor
Que me falta na noite
E logo quando eu acordo, também
Que poderia me saciar a adrenalina
Ou apenas, me por para dormir
Em seus seios nus
Em pleno inverno sulista
E aí esqueceria todas as aulas
Todas as músicas
Todas as almas
E apenas sonharia feliz.

(22-07-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

27/07/2010

Miolo

A cidade embaçada
Não responde ao vomito
Não é noite por completo
Mas o sol é menos que o cigarro aceso
No desespero
No desamparo de um caos
Óculos te fazem fugir
E o café te faz sorrir
A consciência é a conhecidência
Quer te confundir
Em Miami ou Curitiba
É sem saída, só uma saída
Um telefone, um poema
Em um papel na sarjeta
Pedindo a correnteza, que lhe abrigue
Que lhe guarde no aconchego
Do esgoto dos livros
Nos pigarros da fonética
Morreram mudos de tanto esquecer
Que foi uma moça
Um talvez
Ex-futuro amor
Em busca de liberdade
Em busca do miolo humano.

(31-07-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

25/07/2010

Segmento

Momento estrela, um flash back ruim
Lembranças uniformes, de um segmento
Balancem a terra, com seu medo de ver
De me ver balançar, sua cabeça ruim
Sinta o caos, na paz do tédio
Sinta a paz, nas turbulências do caos
Pois sua marca, não significa nada
E o seu medo, se resume a dinheiro.

diego marcell - poética em estética modertrô

(27-05-06)

23/07/2010

Contorno vivo, sonoro.

Choveu na merda e nos livros do Zé
O Estado de papel no bueiro descansa
Para o nosso descanso, engano de acomodação
Os presidentes cagam no quintal
E o dinheiro brota no bueiro,
Sintam o cheiro!
O glíter gringo que detona nossa cútis
E nossa plantação tomada pelas pragas do Roberto Marinho
No árduo espaço ilegal, é legal de ir
É ilegal de documento, pois pra tudo cobram
E se não recebemos, não nos legalizamos
Essa é a lei do marginal
Assumo-me, porque entre nós, somos a elite
Elite de conhecimento
“somos cult”
E o governo é o popular
O governo é o Chacrinha, o Faustão
E tudo é um espelho
O Lula é o marginal
Nós somos a elite
E tudo é uma ciranda
E tudo é uma elipse.

diego marcell - poética em estética modertrÔ
(01-08-06)

17/07/2010

Para o meu amor, neste dia, Raquel amor da minha vida.

Linda
Amar-te para sempre
Como eterna vertente
De Deus
Fomos feitos assim
Presentes
Incompreendidos
Dependentes
Da perfeição.
Posso correr, lado a lado
Pelo mundo apressado
Mas só com você
Posso viver
As belezas abstratas da pele.
Por isso prefiro
Ficar sem longas conversas ao telefone
E esquecer que o calor...
Do beijo, é resposta para todas as tentativas
De compreensão.
Prefiro ficar no silencio
Sentir saudade
Passar um dia
E me derreter nos seus braços
Amanhã
Realizando todas as fantasias
De amor e desejo.
Vou mergulhar no lago
Dos seus olhos
Lambendo seus pensamentos
Fazendo-te sentir os códigos do meu ser
Tentando, batalhando, sofrendo para você me entender
Ou pelo menos...
Tentando
Batalhando
Sofrendo
Tentar aceitar meus desentendimentos internos
Que buscam a perfeição das coisas imperfeitas
Mas que ama, acima de tudo, ama
E, que acredita, que o amor fabrica
Uma maneira de aceitar
De aprender;
Ao amor, jogo a responsabilidade
De nos acertar
Muito mais que o tempo
Pois o tempo é longo
E o amor, imediato
Pelo menos, a vontade de ele realizar
Nossas mudanças
Apenas para o bem
Dele mesmo.
Eu te amo
Mais que a minha compreensão
Amo com a certeza da vontade de Deus.

(06-06-07)
diego marcell - poética em estética modertrô

06/07/2010

Querer ou pensar

Você não compreende
O sabor do outro
O palco estrala
E você não inala, a dramatização
Tem que ser do meio
Ouvir aceitando
Aprendendo ao negar
Ser eu, você, ser só
Nada mais que ser todos.

(14-06-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

03/07/2010

Breve momento deprê

O conjunto da falta
Transborda o vazio
Sorrisos sem palavras
Quebram a alegria
Dê-me a alegria
Traga-me de volta
Roda na euforia
A falta de alegria.

diego marcell - poética em estética modertrÔ
(02-07-06)

01/07/2010

Raiva

Um dia eu vou ficar louco
E quebrar o silêncio
Com fragmentos de verdade
Fazendo-te cair no mar
E se afogar, no marasmo da ignorância
Que foi amarrado como pedra
No tornozelo
Dês do dia, que se despiu
Da placenta

diego marcell
(2005)

30/06/2010

Falta

Em que livraria acho um Neruda
Um Wally Salomão ?
Em que bate papo vão descobrir, Nelson Rodrigues
Ou Lobão?
Em que cinema verei Glauber Rocha inspirando e iluminando
O escuro do nosso porão?

diego marcell
(2005)

28/06/2010

Prazer do depois

Beber e cagar
É o prazer do depois
Alivio ou dor?
Ressaca e banho
O mar te engole
Você ô vomita
Ele te abraça
Joga-te na parede
Você se irrita
Beijos ou areia?
Prefiro sonhar
Quem sabe o real se ascenda
Após o apagar das luzes.

diego marcell - poética em estética modertrô
(31-07-06)

23/06/2010

Sonhos e sonhos

Não preciso contar os sonhos
Para os sonhos
Sonhos indigestos
Mentem para a realidade.
Deixe-me aqui,
Na realidade sincera
Na paz do amor,
Não o sonho de vida,
Mas o que incomoda
É a mentira do sonho do sonho
Que é soterrado na realidade. Sem eu saber porque.

(05-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

17/06/2010

Eu quero dormir!

Está fazendo mal
Tomar café à meia-noite.

(07 de setembro de 2006, 3:08 da madrugada)

diego marcell - poética em estética modertrô.

16/06/2010

Sal e sol

Cheiro de banheiro
Cai na minha sede
Raspando meu paladar
Querendo e pedindo
Proteína, carne, ovo, leite
Chega de leite
Café com leite
Preciso de carne, sol
Charque, tubarão
Ligação
Preciso do latido
Do salgado, coxas e costelas
Preciso de todos os temperos
Na minha panela.

(05-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

14/06/2010

Chaminé

Poesia pelo telefone
Pés descalços no inverno
O roteiro do filme
Sob os raios da tarde
A geada derretida
O céu totalmente azul
Só a nuvem defumada sai para formar
O jogo mais calmo desse frio
Defumando a camada de ozônio.


(05-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô.

11/06/2010

Para Alex viajante

O dinheiro alonga o mundo
Com sua desenvoltura pessimista
Encurta os oceanos
Com rios e contas no banco
Se o Havaí é ali
O Haiti e o escambal...
A Espanha fica a um palmo
Do morro Almodóvar do Vidigal
A nado se move um bocado
A salto se dorme uns dias
A capital se diz oi e tchau
Na mesma freqüência
A Espanha é ali
Mas o ano passa nessa virulência
Deixando ainda mais necessário
Não ter distancia

Nesse era globalizada, o mundo é um lugar só!

(08-10-06)
diego marcell

10/06/2010

Meia volta Sem saída

Cabeças e corpos de bonecas
Pendurados no varal
Passou um segundo
Eu esqueci de tudo
Voltei, mas não achei
A porta estava trancada
E agora é tarde pra ligar
É tarde pra pensar
Barriga que incha
E desincha
Não dá para voltar.

(14-12-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

09/06/2010

Alegria ou ilhado

Ta chovendo, eu vou gritar!


(08-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

07/06/2010

Caixa?

No portão
Escorrendo framboesa
A fábula
Que quer se tornar real
Circula em si
Tendo olhares lisonjeiros
Tendo o único objeto inanimado
Como seu passageiro
A caixa na sua cabeça
Escreveram poesias
Nas suas cobertas
Que dançam agora de manhã
Entre suas pernas.

(23-12-05)
diego marcell - poética em estética modertrÔ.

06/06/2010

O tempo é circular

Meio ano férias
As mesmas músicas
Parece que nem passou
Remeto-me no passado
Que estou
Nunca estive
Sou um menino no nada
Um velho de mais pra massa
Um quarto, um metrô, um viaduto
Qualquer decadência
Vou pedir uma carona
Pra minha consciência
E procurar a minha praia

Falando sozinho
Se divertindo
35 milímetros
E eu seguindo a melodia
Cuidando da minha criança
Livres pezinhos na areia
Agora ta cedo
Mas eu não tenho medo de viver

Um passado musical
Foi prosódia para eles
Foi aberração
Que passa jogando seu ácido
Estou lhe reprimindo
Pra você sou replicante
Para outros um mutante
Ou até ninguém
Não me interessa o que sou
Posso ser isso, ou posso não ser.

(16-07-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

05/06/2010

Fugindo loucamente da nasa

(escrito no caderno do Guga em uma aula de cursinho em Curitiba no dia 26-07-05 e entregue no luau da casa do Eddie em Mafra no dia 16-07-06)

Como era grande aquilo tudo
De uma galáxia a outra
Levaria alguns dias talvez
Trocando em miúdos
Fiquei na lua
Brotando pensamentos pela Terra
Ocorrendo mutações nos seres humanos
O sol queimando
E tudo acaba na minha rua
No banheiro da sua casa
Fugindo loucamente da nasa

Sistemas ideológicos
E portas de saída
Buscando mulheres
A 400 graus de fervura
A 20 anos de dita-dura
Aonde vamos parar?
No banheiro da sua casa? Será?
Para fugir da nasa? Ou casar?

As barbas compridas
De velhos metidos
Não mudaram o sentido
Da nossa paixão
Se nunca ver o sol
Azar do camelô
Pois o nosso amor
Não tem razão.

03/06/2010

Poetizar

Sonho comum de poeta amanhecido
Para praia e vestidos
Defeitos e perfeição
Na fotografia sendo vida
E vida filme de ficção
Na película dos olhos
Ou no vídeo bêbado
A praia se guarda
Ao poeta das bicicletas
Sonho excêntrico de poeta desconhecido
Desculpe baby
Esse teu sorriso
É tão liso que me hipnotiza
E se eu te levar
E a praia estiver vazia
Cheia dum fruto
Pra nos alimentar
E se eu tiver sonhos de madrugada
Recordando minha gramática
Corrigida pela sexta vez
Farei-te as vitaminas
Que aprendi com os surfistas das antigas
Farei-te amor na graça
De incontroláveis dias compridos
Em que vimos o sol e a lua no mesmo turno
Se enturmarem como num teatro psicodélico
Cheio de assuntos, pontos e flores
No lirismo de uma conjugação histórica
Que Deus decidiu eternizar
Sem ponto, sem tombo, só somos e servimos
Como num teatro psicodélico
Cheio de assuntos, mundos e cores
No lirismo de uma escrita histórica
Que Deus decidiu nos passar
Sem erro, sem medo
Pois somos filhos e servimos para adorar
Poetizar, poetizar, adorar, amar
Amar.


(13-06-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

01/06/2010

Labirinto

No labirinto que viajo
Segue a moda em mim
Rebate na parede sem reboco
O cinema de cada louco
As vozes de cada copo
Rebate no líquido eco de cada louco rouco
Cada violino brota um destino
Algumas caixinhas lançam um improviso
Aqui é samba, punk samba
Cada ouvido responde desatento, cada conversa paralela
Mas a boca apenas ameaça reagir
A não ser àquele velho samba
Que algum boêmio largou
A gordura, charme esplendido do boêmio,
Revigora-se a cada porção
E o labirinto se abre e se fecha
Como a sanfona do gaúcho
Levando um Carlos Gardel e depois um Teixeirinha
Levando um Adoniram e depois um Sex Pistols
Levando um beijo depois outro
Depois um aplauso depois um tapa
E antes de ir, dormir
Caminhar pela beira-mar
Atrás de uma concha ou um siri colorido.

(08-08-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

31/05/2010

Sede

Na sede de uma loucura
Lamber a sonora leitura
Jogo-me no chão
Contorço-me e me rasgo
Penso no amor
Como amar é bom
Viajo nas paredes do meu mar
Afogo-me em imagem que copio das décadas
Mancho a estrutura e a carne
Espelho o esquecido
Amanheço o contraste
Sou sonho perdido no mato
Revolução perdida no texto
Explico o pretexto do gesto
E simplifico o magnânimo popular
E magnífico o pensamento absurdo
De plantas negras
De óleos figurados
Ostento a prenuncia da satisfação
Glorifico a satisfação própria do seu,
Do nosso,
De qualquer um,
De ninguém
Na sede de uma loucura
Eu presumo o resumo do fragmento
Eu queimo a suposta máxima, mínima
Eu faço um “autidor” do miúdo Maximo, Maximo
Rabiscando uma turma
Re-movimentando um movimento
Desprendo os olhos da terra
Para circular amplitudes extremas
Para lamber as estrelas
E formar o amor.

(24-08-06)
diego marcell - poética em estética modertrÔ

30/05/2010

Nuvem

Ventila a carne dos quadris
Esqueci as nuvens sobre as pedras
Completei as espumas e as águas contaminadas com meu suor
Matei mosquitos e aranhas
E vomitei ladeira a baixo
Encharquei meus resíduos de impureza, com sal
Para aprender a viver normal
Ardem os pratos
E queimam os cantos
O pus e o sangue se escondem
Na fresta de uma incerteza
Brotam sonhos de sede
Correm rios de catarro
A fome é um prato nauseante de solidão
Respiração e movimento
Vertigem e esquecimento
Eu olho para o teto
E esqueço que deixei as nuvens vazando pelas frestas de
[pedras
Ou eram pelas canecas das celas?
Eram só nuvens evaporando no meu par de amídalas
Par de meias
Par de orelhas
Par de olheiras
Par de quadros ímpares
Par de narinas líquidas
Par de desintoxicados orifícios.


(26-08-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

28/05/2010

Cólica

O sono pendura a brisa no meu queixo
Repouso a cólica
E apago o peito conseqüente
Nos colchetes de ar, aliviando com musica
A dor
Nos colchetes de ar e musica
Aliviados com dor
A dor
Eu viro um balão
Babando no canto
Babando e arrotando
Toda biologia dos meus livros do ensino médio.

diego marcell - poética em estética modertrô
(28-08-06)

27/05/2010

Cartaz

Meu tênis de areia e sal
Faz mensagem no cartaz
Que conta o exercício do mar
Faz choque, raio
Orla e onda
Sem barco ou navio
No Maximo uma embarcaçãozinha
No cartaz
Meu esporte
Todas as peças de roupa
Incluindo conchas e bichos
Incluindo a cabeça
Nessa mensagem é a mensagem
Ela própria se inclui
No cartaz.

(07-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

Febre, nuvem e bolor

Febre nuvem
Mormaço de futebol
Óleo na fechadura, sebo chocolate
Suor de amendoim salgado
Bolor que desce, equação macia
Sono e tevê
Água das narinas
Sangue das narinas
Palavras das narinas
Saudade da rua XV em Curitiba
Saudade do mar
Da minha saudade bonita
Charme e cheiro que chega chegando
Lembrando o que virá
Para esquecer o que não sei mais
Porque a onda cobre o que não é filme
Só musicas podem ser ilhas no mar
Cheiro é areia que a temporada cobriu
Saudade do que virá
E do que eu já nem sei mais.

(12-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

25/05/2010

Insatisfação

Eu prefiro o monólogo
É unilateralmente enfático
No bale dos meus pés
Saciar uma encomenda
Buscar no estático
A réplica do silêncio
Fácil engano sem correção
No bale da dialética
Pede aos gestos, força
E criatividade
O improviso vive no erro
E se premia com acertos de erros
O improviso nasce do treino
Como no bale do sentimento

Sobram horas
De manhã...
De noite...
Faltam de tarde
Quando tudo abre e tudo fecha
Ao mesmo tempo

diego marcell - poética em estética modertrô
(26-01-06)

24/05/2010

Trem sem estação

O trem passou pelas cobertas de lama
E a grama na boca
Espalha-se no vento
No impulso febril
De carne vermelha
De músculo na panela de pressão
África jovem
Passa o trem e te visito
A cada apito em cidade feia
A cada avião um oceano nevoeiro
Cada sentimento minha lágrima chora sozinha
No canto do teu gesto
Maltrata-me
Você não se entende
E me contraria tentando acertar
Piora ao achar soluções
É veneno, não esterco
O trem ainda passa

(10-11-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

23/05/2010

Floresta de luzes frias

Os pássaros cantam
Amanheceu
Nessa floresta escura
Eu ando nos corredores azuis
E sinto o gelo das paredes
Os livros nas janelas
Uns acordam
Outros vão dormir
Em plena orquestra
Prefiro apagar a luz
E ver a luz aparecer
Mesmo sendo ruim de escrever
Os computadores na floresta piscam
Coadjuvantes querendo atenção
O samba é só lembrança
Romantismo pra amanhã

(11-11-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

22/05/2010

No abismo das películas antigas (sobre Moreira da Silva, Ivan Cardoso e Rogério Sganzela)

Querendo dormir
Mas com saudade se ir
Ainda vai querer ficar
No abismo do mar
Engolido na madrugada
Cantando e tocando bateria
Seus ternos brancos
Seus delitos textuais
Poesias suadas
Respingam pedras e espumas
Não há nada para ver
E o barulho sempre igual
E forte
E cansativo
Com ou sem bateria
Com ou sem cantoria
Pois estes são apenas detalhes aqui

(17-11-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

20/05/2010

Resumo

Eu só tenho camisetas verdes
E quadros psicodélicos
Pensamentos abstratos
Gestos surreais
Tenho cores nas musicas
E glamour na breguice
Talvez pra ser tão igual
Quando eu descobrir
Que sendo diferente
Não será igual na dança das peças
Dos jogos de cabeça
Eu sou melancólico, super alegre
Eu sou colorido, super quieto!

(22-11-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

18/05/2010

Vai...

Batom no telefone
E uma sede que arrebenta horas
Horas gastas com medo
Amor bandido
Crime no ouvido
Sussurro na geladeira, é madrugada
Luz que vem do corredor
São seus passos na garagem
Com sapatos altos
Seu vestido é um assalto
Se eu fico de lado
Você me pinta
Com seu blush
Com sua tinta
Estou tonto
Preciso dormir, mas você não deixa
Você quer carinho
Quer vinagre
Você quer saliva no seu cabelo solto
E eu só quero dormir, mais um pouco.


diego marcell - poética em estética ModertrÔ
(07-12-06)
publicado em 2009 no livro Pequena História da Academia Parano-Catarinense de Letras
de Fídias Teles.

para adquirir o seu
envie um email para complexoarte@hotmail.com

17/05/2010

O livro dela (sonho)

Desliga
E vai raiar um livro
Transparente, mas depressivo
Eu sou muito velha
Pra entender a realidade
Quero ver se eu
Consigo esquecer
O meu aborrecer
As piadas eu desenhava
Com cada cor
Que combinava

diego marcell - poética em estética Modertrô

(07-12-06)

16/05/2010

Coisas do litoral

A lua quando banha o mar
Nos aproxima de lugares
Cobertos pelo manto salgado
E finge pontas de miragens
De paraísos esquecidos
E outros tantos impossíveis
Miragens submersas
Criaturas voadoras
Coloridas
Corais e formas
De enfeitar essa vida
Esse alimento bíblico
Tão rico
E tão escondido
Por uma toalha de noite
Que deleite tranqüilizante
É ler da areia
Todos os quadros do horizonte
Que se encurta
Pela luz suprema da lua
E os resíduos de navios
E avenidas beira-mar


diego marcell
(03-01-07)
"poética em estética Modertrô"

Voltamos ao mundo real com seus foguetes que nublem o céu

No vento
Quem galopa
Entre folhas
Vem de um
Caos medieval
Arcaico e digital
Nadando em mosaico
Cabelo solto no escuro
Brilha longe
Sem assunto
Sem peso
Apenas foge das cidades
Entre as cidades
Entre janelas entreabertas
Entre arvores semicalvas
Fogem ou apenas se libertam
Das contas, das obrigações...
Dessa sociedade
Presa em pixels perfeitos
Cidades projetadas

(03-01-07)
Diego Marcell