27/09/2010

Anos 20,30

(04-09-07)

No colégio interno
Onde dormem os bonecos de Olinda
Onde as visitas não são bem vindas
Onde o assunto não passa de um café magro e pequeno
No colégio interno das famílias religiosas
Onde o costume e a razão, não passam do portão
Na rua com som alto
No amor com falso respaldo
“fazer parte da família”
“do trabalho”
“do moral e cívico colégio interno”
Até certa idade
Desde quando eu não sei
Jogam cartas os coronéis piratas
Das vilas cheias de boatos
Seres e aberrações
São as lendas da cidade
Lendas vivas do dia a dia
A mulher barbada e sua família normal
A prima Biela e suas pernas e seu gogó
As empregadas negras
E o amor proibido e suas provocações
É assim que a canção faz!?
Faz musica?
Modesto malandro
O noivado é pra fugir do colégio interno
_ “mas como é que se casa?”

diego marcell

22/09/2010

Do barro ao ouro

(28-08-07)

Beleza única no Jardim do Moinho
Estranha no ninho
De Maravilha ou de Veneza?
Na moda de Milão
Nas cores do namorado
Aprende a ser brega
Aprende a ser atriz
Estrela única no Jardim
Ainda não colheu todas as azaléias
As Hortênsias
Só as orquídeas
Que eu nem sei quem são
Mas das sandálias azaléias
Ou das cafonas rosas
Só conheço as hortênsias da serra Dona Francisca
Ou da casa da minha vó
Criança única da minha beira-mar
Colher o leite do seu corpo
É melindrar o mistério de um filme corroído por traças na [cinemateca
Dentre o borrão da tinta emergida do universo
Você coordena uma orquestra atrapalhada de lições
Despreocupa-se com a minha rouquidão mitológica
E me dá azas para sumir da frente das câmeras
Canto sísmico ensinado a gerações
Chegou a nossa vez
Acabar com os acessos repetitivos dos departamentos sociais
De literaturas escaladas
De musicas supostas
De frenesis orientados
Acabamos com o limite
Gasolina, sola, mola
E na fé ao combustível inimaginável
Aos jardins mais que floridos
Cercados de ruas de ouro.

diego marcell

21/09/2010

Faz-te desertar

(19-06-06)

Asfaltaram o deserto
E o cabelo me entra á boca
Na mochila os CD’s
E nem um copo d’água
Nas mãos teu cheiro
E nem um sinal de água
Na garganta um cachecol
E um caracol na garganta do mundo
Que sou eu
Dançando meus olhos no espelho dos seus
Minha cama não é minha
E nem é nosso esse lugar
As fezes bordam o parque
E só uma mulher está dançando na própria janela
Aquelas com vidros canelados
Aquelas de apartamentos apertados
Esse nem tanto
Pois sobram salas no deserto
Sobra tempo pros sem assuntos
Sobra cigarro pro teu cinzeiro marketeiro
Sobra brilho pro teu banheiro imundo
Prefeito que lamento
Do deserto sobra eu, meu amor e areia
O asfalto se repele a cada fração estendida de borrachas
E fuscas mal cuidados.

diego marcell

14/09/2010

Relatividade do amor

Desculpe se te fiz chorar
As minhas mãos estão sujas
E o seu rosto
Imagem semelhante...
Do amor
Em respiração

Que recordação posso não ter?
Se pra sempre viver
Nos seus olhos
Nos meus
Em todos
Em um

Que beijo é novidade?
Pela saudade dos seus
Da saliva na minha garganta
Derretendo a hipocrisia
Dos delinqüentes intelectuais
De idades avançadas
Sociais
Derretendo a hipocrisia
Das vidas
De criaturas indigestas
Diferente da sua saliva
Diferente da nossa sujeira
Diferente da gente
Iguais a tudo no mundo

(21-06-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

13/09/2010

Vida própria aos filhos

Sem temas meus poemas querem cantar
Orar passeando por ouvidos desatentos
Querem congelar o momento
Petrificando o ar arrogante
Alguém quebrará o silencio pós-poema
Encorajando-se moerá elogios aos versos
E mantendo fiel a rejeição
Ficará mudo ao autor
Pois poesia é vida
É morte
É alma sem alma
Não tem sentimento apesar de ser o próprio
Não defenderá seu pai
Que, no entanto estará feliz ao elogiado filho.

(06-07-06)
diego marcell - poética em estética modertrÔ

07/09/2010

Cabeça

O chão dos anos 80, e uma dança, a própria Argentina.
A Argentina está aqui
Os anos 80 estão aqui
O que vai ser uma década?
O que será o interior de um ser, de um ano, de uma festa, de
[um ser
O que faz a cabeça?
O que faz o motor?
Se não vive o amor
Pode-se viajar?!
Só a cabeça e o motor só te levar
E a cabeça pode levar, e ficar, e pescar e voltar ou ficar
[de vez
Só a cabeça pode viajar
Ela está dançando, nesse chão preto e branco
Ela está evaporando pelas frestas dos ouvidos ou da porta
Ela é uma camisa de força
Ou uma nave espacial
Dependendo do dia,
Do pai e a mãe
Dependendo do professor
Tem aqueles que preferem o motor
Eu prefiro a cabeça
O liquidificador.

(23-08-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

06/09/2010

Papiro moderno

Porque a poesia hoje é clandestina?
E os punk’s, pop’s?
Quem é o homem do casal?
Com que idade sou independente?
Hoje quase nada faz mal!
E falar inglês me é tão importante.
Hoje quase tudo faz mal!
Mas na verdade não faz mal.
É a evolução, tecnologia, computador
E a inteligência fica armazenada no chip
Para não ocupar espaço no cérebro!

(28-03-06)
diego marcell - poética em estética modertrÔ

05/09/2010

Passado alguns dias

(Sentimento próprio, dedicado ao amigo Israel, em sua volta as terras do sul).

Para mim, o passado não existe
Esfarela-se num chão liquido
Evapora no vento dos dias
Dias regeneram a célula da vida
Deixando a cicatriz da lembrança
Fragmentada em uma parede
Parede pintada em camadas
Contando-me só a partir daí
O que eu quiser
Para ser e durar
Vou me manter vivo
Levando o presente para sempre
E o passado esquecer
Pro futuro não reclamar.

(19-04-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

04/09/2010

Retórica

A retórica não causa rotação, apenas rotatória!

diego marcell - poética em estética modertrô
(19-04-06)

Hoje

Hoje eu queria ver a chuva
Alinhada em rastro de suor
Ela iria cantar a noite toda
Para nosso sonho sono livre
Hoje eu queria barganhar
Trocar o frio seco, por calor úmido
Queria trocar a multidão solitária
Pela dupla perfeita, que somos nós
Que embalamos curiosidades
Em frases e cumplicidade
Nossos crimes se estabelecem
Nas paisagens do nosso beijo
Se as línguas falam por elas
Nossos pensamentos se telefonam
Na linha do amor
Na chuva dessa nuvem
Que o avião cortou
Que me acordou
Pensando em você
Andando com você
Sendo um só amor

Hoje eu queria ter o Brasil
Só para nós dois
Conversaríamos com alguns índios no quintal
E voltaríamos para nosso quarto quente
Que explode em sol e lençol
Desligaríamos o radio que molha
Para uma ducha ligeira de cachoeira
Ligue novamente nessa estação
Para dormirmos mais um pouco
Para nos sentirmos a tal ponto
De flutuar sobre a Guanabara
Sobre a nossa sala
Que tem varanda que nos chama
E nos acalma

Eu sou poeta, você é poetiza
Eu sou poeta, você é poesia
Eu sou você, você é alegria
Eu sou alegria e minha poesia
Você sou eu
E quando estamos longe
Somos só nostalgia.

diego marcell - poética em estética modertrô
(19-04-06)

Hoje

Hoje eu queria ver a chuva
Alinhada em rastro de suor
Ela iria cantar a noite toda
Para nosso sonho sono livre
Hoje eu queria barganhar
Trocar o frio seco, por calor úmido
Queria trocar a multidão solitária
Pela dupla perfeita, que somos nós
Que embalamos curiosidades
Em frases e cumplicidade
Nossos crimes se estabelecem
Nas paisagens do nosso beijo
Se as línguas falam por elas
Nossos pensamentos se telefonam
Na linha do amor
Na chuva dessa nuvem
Que o avião cortou
Que me acordou
Pensando em você
Andando com você
Sendo um só amor

Hoje eu queria ter o Brasil
Só para nós dois
Conversaríamos com alguns índios no quintal
E voltaríamos para nosso quarto quente
Que explode em sol e lençol
Desligaríamos o radio que molha
Para uma ducha ligeira de cachoeira
Ligue novamente nessa estação
Para dormirmos mais um pouco
Para nos sentirmos a tal ponto
De flutuar sobre a Guanabara
Sobre a nossa sala
Que tem varanda que nos chama
E nos acalma

Eu sou poeta, você é poetiza
Eu sou poeta, você é poesia
Eu sou você, você é alegria
Eu sou alegria e minha poesia
Você sou eu
E quando estamos longe
Somos só nostalgia.

diego marcell - poética em estética modertrô
(19-04-06)

03/09/2010

Frescor

O frescor do passado
Vem-me retalhado
No cine sonho de memória
Revivendo outro eu
De outro tempo e pensamento
De outras pessoas
De futuro encoberto
Por frescor de presente
Por frescor de futuro
Frescor de imagem
Só em sonho de cheiro
Só em alegrias do passado
Que hoje não existe mais
Pois o que ainda existe
Ainda é presente.

diego marcell -* poética em estética modertrô
(05-04-06)