14/11/2010

Um dia assim

(27-06-07)
A neve ainda está lá (quando abro a porta)
Cobrindo a seiva do outono (quando abro a janela)
Quando abro a janela
E o inverso desaparece, entre os dedos da lã antiga.
Das goteiras eu ouço a espuma que se forma
E sinto o cheiro do cinema experimental
(bem diferente do cheiro daquela arvore afetada no dia de hoje)
Verde como um livro, com capa retrô.
Todas as folhas caíram
E a cidade está limpa e natural
Foi varrida como um louco na tempestade
E a neve derrete, com aparelhos da clinica.
Muito dinheiro e muita espera (os carros passam na paisagem)
O tempo é contado de maneira subjetiva
Enquanto peças caem, peças aparecem
Dinâmicas como um fenômeno banalizado por tempo e quantidade
Como o tempo é potencialmente incalculável
Há espera e limpeza
Há anatomia e depressão
Nada se compara no amparo e desamparo de uma situação
Baseado no acaso ou demasiado no desmaio
Não sobra muito e ainda há muito a percorrer, a saber
E a fazer
Basta esperarmos.

DIEGO MARCELL

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