19/11/2010

Pequenos homens: (seus livros ou idéias)

(16-01-08)
Em seus limites
Os homens querem criar
Coisas pequenas
Para lhes distrair;
Pensam que seus livros
São as maravilhas dos séculos
E seus pensamentos, viagens estrelares.
Levam consigo
Seres pequenos
Como suas obras,
Que vivas em tempo póstumo do autor
Levam ao abismo
Estudiosos do banal,
Pois tudo que o homem criou
Acabará como o homem;
Até a idéia o bicho devora
E gerações que não se reciclam
Afundam com velhas gerações.
Só uma idéia
Atravessa o século dos séculos.
Criações divinas
Mantém-se ao tempo
Que lhes são escolhidas
E só há Um que cria
E permanece para sempre.

diego marcell
(aqui acaba o livro "poética em estética modertrô")

18/11/2010

Pra quem quiser

(07-01-08)
Chega de desculpas, só o acomodado não se enche de cultura!
Para os negativos, sejam lhes dado o sorriso.
Para os oprimidos, o alivio.
Para os chatos, o silêncio.
Para aqueles que falam de mais, a tecla “mudo”.
Ignorantes, falam, falam, mas não ouvem
E a bíblia nos ensina: “o conhecimento vem pelo ouvir...”

E a sabedoria de não se influenciar;
De tirar algo bom de algo ruim;
De discernir o que me serve e o que não;
Estar sintonizado com tudo e não cair em modinhas;
Não guardar preconceitos;
Ouvir, examinar e formar opinião;
Ver o que você tem pra melhorar e sempre tem;
Não se preocupar com falhas alheias,
Com o jeitão esquisito,
Com os vícios, pois vícios são todos iguais,
E o julgamento não cabe aos homens
Vitima do caos.
Cuidado pra não se afogar no egocentrismo
É o que mais ensinam nos últimos tempos, auto-ajudas.
Mas não bastam diplomas para um ser doente
Não sabe que é perecível?
Crê em Deus, que as outras coisas lhe serão acrescentadas.
Meditações no vazio, só te afastam do normal, da noção de
[vida
Abra o coração, e preenche com amor de Deus,
Pois o mundo te incha com o vácuo cheio de vazio.
Adoração vegetal? Vingança da natureza?
E quem criou? É melhor adorar o Criador,
Que ama e te cuida
Do que sentimentos inanimados que provém das criaturas.

diego marcell

Curita

(05-01-08)
Ah, curita,
Já estou com saudade
Cidade que respira seu foco fora de foco
Na paisagem...
Sinta-se à vontade
Colando cartazes
Eu vejo verde
Eu vejo as pedras sujas
Dos passos acelerados
Com a cabeça em plumas
Pelas fotos urbanas.
Podia sair, pra colar contigo
Deixar colorido
O deserto preto e branco;
Não há ninguém na cidade
Mas as paredes de concreto
Não cessam de expressar seus sentimentos
Já que nunca ninguém não viu seus movimentos a luz do dia
Ou sob velhos holofotes de avenidas cintilantes.
Profissão perigo agora mudou de sentido
Autônomos das artes, seus DNA’S estão por todas as partes.

diego marcell

17/11/2010

O tempo da escolha

(28-12-07)
As cócegas dos desvalidos
Escorregaram por hospícios
Hoje cambaleia a barganha
Por fragrância de cobrança
E alguma tolerância.
As chaves dos segredos foram clonadas
E os caminhos enfeitados para o comércio de almas.
Porém, hoje esperanças são doadas por bons mensageiros,
É o alento do tempo que se levanta
Véspera de tempo
Onde tudo se levanta
Dês dos muros da Cidade Santa
Até as gerações mais ousadas.
Véspera de grandes mentiras tornarem verdades
E véspera de profecia, é sempre uma felicidade.
O mal precisa de um esquema muito grande de dor
Pras pequenas conquistas;
E o bem, com seu amor, enche corações
E multidões adoram a liberdade
Ser livre para adorar a Deus.

diego marcell

16/11/2010

Roteiro pra cego?

(15-10-07)
Aquele movimento épico
Que transcorre em película
De dias nublados em galerias vazias.
É como aquele filme que ninguém nunca viu
Mas um poeta comenta com seu grupo de artistas,
E debatem e todos sabem, porque o ninguém aqui
É meia dúzia de ninguéns.
A folhagem é sintética e o amor expressionista
Mas o Brasil francês aqui é tão forte,
Que inventamos uma cultura futurista na retrôcidade das velharias do vídeo histórico documental,
Recitando poemas em preto e branco,
Como se o tempo não existisse.
Lasers cruzam o salão e bailam uma valsa sampleada
E o riso dos loucos na rua, esclarecem suas cegueiras
E as jóias na janela brilham, como quadros de um cinema hippie
Mesmo que o new wave seja tão brega quanto a nossa historia
O amor ás coisas não óbvias nos eleva a não sermos levados por opiniões.
Fazemos nossa moda, e temos nosso sítio,
Onde plantamos nossos vídeos, musicas, amigos, poemas e crônicas;
Mesmo que isso não importe, pois somos tão retrôs
Que a diversão é na hora de mexer a terra
De correr no sol, e suar no verão.
Mesmo que no frio do sul, da galeria nublada
Seja um prazer, pensar adoidado nesse cinema que ninguém filmou.
Mesmo que seja maior o prazer de viver e aprender e entender
E ver que o sonho vive
E que o impossível é real
Ou seja, não existir é existir.
A possibilidade em pouquíssimo tempo acontecerá,
E o mundo verá numa mega-produção
Todos os efeitos que roliúdi e seus computadores
Jamais foram capazes de criar.
E nós que sairemos da tela, regozijaremos no alto
Enquanto o mundo aplaude o roteiro;
Agora eles darão valor ao roteiro,
E acharão os efeitos especiais, muito reais para suas peles.
Mas até lá, os cegos chocam-se nas ruas,
E nós é que somos chamados de loucos
Porque o nosso desespero, é para chamar sua atenção
Evitar seus desastres
Sarar seus cortes, por curativos nas suas cabeças,
Mas enquanto muitos são chamados e poucos escolhidos
O roteiro caminha na perfeição de dias proféticos.

diego marcell

15/11/2010

“Aglutinência” social

(24-07-07)
Você partiu pelas costas de um amor platônico
Negou um sorriso ao palhaço
Nas escadas bambas de um fim de festa
Confetado pela amizade virtual de uma geração
Tão sem graça, mas que agregou alguns até engraçados.
Nos momentos de escassez
As gírias tomavam de assalto o tempo
Para disfarçar uma ignorância temporal
Passam os ritmos
Mas amizades se criam
Nascem
O som reaparece
E enche a galeria de alegria
A tecnologia continua em vasta ordenança
Ditando releituras sugestivas
Para nos lembrar que o conhecimento é o melhor remédio para essa escassez de informação
Subdivisões
E ecleticismos rasos da cultura pop.
A cabeça viaja por entre os neurônios da fase escrita
Levando-me a um texto muito maior que este até aqui.
Mas as cores do “modertrô”
Ou os elásticos do meu pai
Ou a conversa na escadaria do cinema
Ou os berros do rock
Ou o molejo do samba
Ou o brilho do olhar
Tudo isso, só aqui
No livro mais encoberto que a mídia não pode produzir
(ou não quis)
Só aqui ou ali ou depois ou sei lá
Numa seqüência beatfônica
Acelerada
Reluzente
Adolescente
Na experiência se completa
Bela como uma onda de revelações
Um lençol selecionado
Uma cura
Sobre o mal das pequenas ilusões
Que se aglomeram para formar
Um esquecimento
De um amor primário
Porém, fundamental.

diego marcell

“Aglutinência” social

(24-07-07)
Você partiu pelas costas de um amor platônico
Negou um sorriso ao palhaço
Nas escadas bambas de um fim de festa
Confetado pela amizade virtual de uma geração
Tão sem graça, mas que agregou alguns até engraçados.
Nos momentos de escassez
As gírias tomavam de assalto o tempo
Para disfarçar uma ignorância temporal
Passam os ritmos
Mas amizades se criam
Nascem
O som reaparece
E enche a galeria de alegria
A tecnologia continua em vasta ordenança
Ditando releituras sugestivas
Para nos lembrar que o conhecimento é o melhor remédio para essa escassez de informação
Subdivisões
E ecleticismos rasos da cultura pop.
A cabeça viaja por entre os neurônios da fase escrita
Levando-me a um texto muito maior que este até aqui.
Mas as cores do “modertrô”
Ou os elásticos do meu pai
Ou a conversa na escadaria do cinema
Ou os berros do rock
Ou o molejo do samba
Ou o brilho do olhar
Tudo isso, só aqui
No livro mais encoberto que a mídia não pode produzir
(ou não quis)
Só aqui ou ali ou depois ou sei lá
Numa seqüência beatfônica
Acelerada
Reluzente
Adolescente
Na experiência se completa
Bela como uma onda de revelações
Um lençol selecionado
Uma cura
Sobre o mal das pequenas ilusões
Que se aglomeram para formar
Um esquecimento
De um amor primário
Porém, fundamental.

diego marcell

14/11/2010

Um dia assim

(27-06-07)
A neve ainda está lá (quando abro a porta)
Cobrindo a seiva do outono (quando abro a janela)
Quando abro a janela
E o inverso desaparece, entre os dedos da lã antiga.
Das goteiras eu ouço a espuma que se forma
E sinto o cheiro do cinema experimental
(bem diferente do cheiro daquela arvore afetada no dia de hoje)
Verde como um livro, com capa retrô.
Todas as folhas caíram
E a cidade está limpa e natural
Foi varrida como um louco na tempestade
E a neve derrete, com aparelhos da clinica.
Muito dinheiro e muita espera (os carros passam na paisagem)
O tempo é contado de maneira subjetiva
Enquanto peças caem, peças aparecem
Dinâmicas como um fenômeno banalizado por tempo e quantidade
Como o tempo é potencialmente incalculável
Há espera e limpeza
Há anatomia e depressão
Nada se compara no amparo e desamparo de uma situação
Baseado no acaso ou demasiado no desmaio
Não sobra muito e ainda há muito a percorrer, a saber
E a fazer
Basta esperarmos.

DIEGO MARCELL

13/11/2010

Permanência por atraso - Acaso por insistência

(08-05-07)
Nem sempre
Há assuntos
Para suas mãos
Quando elas estão afim
E sua mente talvez não
Ou talvez sim
E seja somente falta de criatividade
Mãos em velocidade
Esquecem letras
E nas margens da folha
Esperam pedindo carona
E tudo indica
Que a chuva seja assunto maior
Já que da a sensação de cinema
Na madrugada quase fria
Silencio cinematográfico
Seguido de estalos cinematográficos;
Não esqueci
Porem o barulho da chuva
Faz parte do silencio
E é que minhas vontades
Mudam a cada dia
Umas se esquecem
E outras trocam de prioridade
Mas as esquecidas acabam achando uma carona
E retornam num dia qualquer
Inesperado
E as chuvas dessas chuvas
Sempre são bem acolhidas nas madrugadas
Porém dispensadas em horas impróprias
Assim como os trens que não se importam
Com seus atrasos e seus compromissos.

diego marcell

11/11/2010

Contando o movimento

(16-05-07)
Eu mexo nas gavetas
E não vejo nas entrelinhas
Da sua ironia
Com a minha poesia
Um dia frio por aqui
Quando todos fazem do rio
Um mar
Quando todos fazem do morro
Uma areia
Vasta imensidão
A BR que nos leva
As linhas das canções
Na noite
Até quando amanhecer
Permanecer na estrada
Pegar trem e avião
Carona nas azas
De um pássaro robusto
Carona no papo
De um casal
Cuca legal.
No quarto, sono
Pronto para acordar
Só perto do mar
É coisa de brisa, sei lá
A ilha nos leva fácil
Mas daqui...
Eu sinto igual
A poeira fica, acomodada
O vídeo corre avenidas
E pontes aéreas.
A musica no bico do passarinho
Rega uma flor na janela
E mesmo eu aqui
Com minha bela namorada
Uma porção de historias
E idéias
E uma certeza;
Isso faz da ilha apenas adereço
Sublime adereço
Que pelos correios se alimenta
Também pela publicidade barata
Tudo na calmaria da madrugada
Faz lembrar aquele mar reduzido pela luz da lua
Emoldurado pelas luzes de
Navios
Portos
Prédios
Cidades
E vilas
De pescadores
Velhos
E enrugados
Que não passam de detalhes da alvenaria
De uma poesia visual.

diego marcell

10/11/2010

Movimento estático

(08-05-07)
O movimento estático
Do silêncio
Visto na madrugada
Nos vídeos perdidos
No baú aberto
Do segredo
Esperando ser descoberto.
Escassez de água
Na chuva
E só na mídia eu vejo
Esse tal aquecimento global
Porque aqui está frio
Como uma foto bem tratada.
Em recados e e-mails
Em mensagens
E propagandas
Faz-se uma contra-cultura
Mais cultural que a tradicional
Porque esta agora, é uma cultura mundial,
Podendo circular sem legendas.
Façam um filme só com fotos
E nem os 12 Macacos serão novidade.
Faça uma obra para ser esplendida
E afundará na ignorância da globalização.
Perder-se-á nas ruas de Babel
Reciclar-se-á na mão de um DJ
Ou um performer qualquer.
A juventude consome-se no vazio da promessa dela mesma
E acaba se copiando dia após dia
E cada descoberta é tão velha
Que no seu tempo só há reciclagens
Onde idéias próprias foram extintas
E só resta reciclar a mais antiga
Que será mais novidade que as outras
E lhe renderá poucos minutos a mais de satisfação.
Mas espere! Seu visinho virtual
Já lhe ultrapassa novamente
Com um tesouro raro
Reciclado de maneira grosseira
Para poder rodar no Youtube.
Não esqueça que suas musiquinhas
Essas que seus pais não ouvem
São cópias dos discos velhos e lentos
Mas é que agora a rotação dos MP3’s estão
Virando-lhe os ouvidos;
Mas no mais
Já é uma geração gasta e manjada
E o céu da janela
E o blog
Não são orgânicos o suficiente para uma revolução
Um estudo aprofundado
Uma foto alterada
E um pó que economiza lugares
É no novo foco da cenografia (agora em 3D)
Depois não me venha com papo natureba
Porque a selva é de pedra
E as cavernas computadores com gigas suficientes
Para sua estada peçonhenta.

DIEGO MARCELL

09/11/2010

Estar no querer

(03-08-06)
Presumir o silêncio,
E as janelas sem fim
Que não sei onde dão.
Pedras, restos do que foi
Esse casulo cheio de repartições que estou.
Sou cinema no espelho
Sou droga no poeta
Se drogar e se escrever
Não mudará esse teatro,
Um saguão me liberta
Após o banheiro me contaminar
Alguma lembrança inexiste
A hora que eu acordar.
Discutem o físico e o biológico, a biologia
E eu sou um estranho no ninho
Lá já não há futebol
O frio cancela o amor.
No andar que eu estou
Na fome que eu estou
Quero me banhar em gordura
Em banha de bacon frito
Quero dormir no banheiro
Vendo um filme Francês
Quero me estufar até vomitar
E me estufar outra vez
Quero conversar com 12 pessoas
Todas ao mesmo tempo
Se entendendo, se movendo também,
A fumaça e a musica
Se mesclando na luz da tevê e do abajur
Baixo, percussão
Cavaquinho e guitarra.
Um de nós vai se candidatar (ou pelo menos quer)
Outros vão estudar e outros só olhar
Alguém quer retroceder a tecnologia
Já sou cético suficiente que essa possibilidade seja real
Que sou crente no futuro
Já li o que outros 12 escreveram
E curtir o futuro agora, até que é legal
Luzes frias dão o charme
No azul da estrutura
Luzes quentes dão o charme
No meu sonho poético, engordurado, cheio de gente
Que a minha cama me insinua.

diego marcell

08/11/2010

Dialogo

(30-08-07)
No árido terreno, na longevidade catastrófica da mente, onde se esconderam os sonhos? Ou as realidades dessas imagens, desses focos, desses fragmentos sem razão, sem exposição? Foi mera invenção? Não pode ser, deve ter criado de algum lugar, algum baú empoeirado deve contar alguma velha novidade. Mas eu não quero ouvir; quem me dera poder deleta-los, anais profundos que o tanto que já cobriu, quero mais; penso rapidamente na possível utilidade, não será uma boa utilidade! Farei muito mais útil o futuro, ou até mesmo o presente. Mas aquelas paredes tortas de álcool, ou o árido carpe de passadas embarradas, prefiro esquecer.

Berro de fruta
Pede algo novo
Becos de flautas
Escamas nas ondas falsas
De quem não as pega.
Beijo sem valsa
É tudo que peço
Vagões do timbre conciso
Marcam o tempo
Fornecendo informalidade
E separando seqüências sem linearidade
Para o re-corte
Do norte, Santa não Catarina
Como se fosse uma cor antiga
Resolver problemas sem urgência medicinal
Se os óculos aumentam
A pressão diminui.
E a praia fica aonde?
Tomara que com todo esse aquecimento global
Ela chegue até aqui
Só pra reduzir o trabalho de se perder
Ou ganhar, não importa,
Só pelo sossego.
E também pelo calor
Porque este frio ta muito chato,
E quando eu sentir falta
Vou dar uma voltinha pela França
Ou pela Itália nessa época;
Mas mesmo assim, acho que tenho certeza que ainda prefiro ir no verão.
Aí a serra sobe e o calor chega?
Sei lá
Mas de alguma maneira ele chega, afinal o aquecimento não é global?
Ou é só no Jornal Nacional?
Flauta doce para um novo som
No jardim, na igreja,
Bateria pra dançar
E roupas coloridas
Perfumadas de mirra
Viver por fé
E não precisar rebolar no fim do mês
Seus passos seguem
Uma mão que te guia.

diego marcell

07/11/2010

1o poema do sebo

(17-08-07)
Ter um caso rubrico na ponte,
Já que na escola, é mais progressivo.
A cidade que muda sua geografia diariamente,
É muito ruim, quando foi um belo cenário
Que não foi no mínimo agraciado na fita;
Já é passado
Só é historia
Conto.
Literatura, mas jamais será cinema.
Migrei para a terra natal, pelo menos criativamente
Quando atravesso a poeira,
Só para fazer dos passos, dos galopes, das freadas, ou seja,
Fazer do barulho natural da cidade, meu silêncio,
Meu pensamento, meu filosófico perfume voyérico filosófico.
Da porta pra fora, umas fotos;
Da porta pra cá, um cine-ambiente de memória,
Um gráfico no presente, e um palco no futuro,
Um filme muito antigo, que alguém me contou o final,
E eu esqueci,
Um ambiente imóvel, dependente da minha criatividade;
Até no esporte, torno a encontrar parte de mim.
Há um espaço entre a foto e eu, que pretendo domar.

diego marcell

03/11/2010

Apocalipse? Só se for agora!

(18-09-07)
As pessoas entram nas cápsulas
E rapidamente percorrem grandes distâncias
E através de uma pequena janela
Vê-se o mundo inteiro
E onde pisa
E onde encosta
E onde fica
É tudo torneado em pedras
E pedras das mais variadas e diferentes
E o verde é artificial
E as pessoas andam em linha reta
Como se não vissem outras que se cruzam pelas ruas de pedras
Essas ruas parecem um céu com estrelas que não param de cair
Invisíveis a olho nu, micróbios artificiais movimentam a
[cidade
Que não para
E os vírus alimentam a cidade
Olhos vidrados que não enxergam
Mentes e corações endurecidos
Como estas ruas de pedras coloridas
De formas variadas
Eletronicamente pisca a cidade
E o barulho de uma orquestra bem ensaiada
Ou melhor, eletronicamente programada
Sincronizada toca, regida pelo relógio
Mas nenhum ouvido pára para ouvir
Nenhuma boca abre para cantar sobre essa base de
Musica contemporânea
Só o coral de loucos e mendigos
Porque estes nem sabem o tempo que estão vivendo
Estes que restaram das esmolas empoeiradas da normalidade
Porque os outros que pelos canos circulam como sangue
Pelas veias da cidade
E seu corpo não tem onde defecar
E a cidade está entupida
E sua gordura não tem onde mais se alojar
E sua verdura está virando um cenário descartável
E sua energia está acumulada nos reservatórios
E seus bolsos estão derramando pelas ruas de pedras coloridas
A sua radiação
E as pessoas se contaminam, mas não se comunicam
Sem uma janela de proteção
E não se contaminam pelos olhos
E não se contaminam pela idéia
E a cidade se afunda na névoa da alucinada droga
E seus mundos paralelos desembocam numa cidade fantasma
E as torres de notas, desmoronam como espirros
E seus casulos cada vez mais abafados
Refrescam-se na promiscuidade das redes
E seus personagens cada vez mais irreais
Solucionam contas de matemática básica
E suas crianças são avós dos seus presidentes
E os cavalos coloridos fazem barulhos ensurdecedores
E os burros de carga costuram os casulos um pouco mais lentos
E os transportes programados esquecem seus códigos
E matam claustrofobicos em qualquer deserto suburbano
E as aves monstruosas caem dos seus ninhos mal cuidados
Matando milhares de pessoas
E os elefantes esburaqueiam e atrasam longos trajetos
E as grandes serpentes seguram a cidade na hora do rush
Cruzando lenta, com sua mercadoria
E um câncer se forma, e como vulcões explodem em guerra
E desse câncer sai a alucinada névoa pra mente da cidade
E os labirintos cada vez mais, indecifráveis
Guardando cada vez mais, coisas indecifráveis
E o manto de dígitos que cobre a cidade,
Dos pés a cabeça
Deixando-a sobreposta de informação
Marmitex,hotel, promoção, 50o graus, ...
E dentro daquela base de orquestra
Há um play-back de locutores que cantam suas promoções,
“_hoje promoção de tainha!”
“_não percam no próximo sábado, show com os robôs efêmeros!”
E os bancários sobem escadas
E os técnicos dessem galpões
E os chefes bebem seu óleo disel
E os andróides fazem fisioterapia
E os alunos fabricam cobaias
E os professores limpam as pistas
E os policiais fumam os crimes
E os prefeitos nadam no espelho
E os religiosos mentem ás estátuas
E as prostitutas brincam de santa
E os viciados ascendem suas velas
E os errados fazem sua parte
Enquanto os motoristas fazem greve
As aberrações fazem um advogado
Porque no SUS ninguém trabalha (como na prefeitura)
Dentro da maquina, a lei vigora
Lei dos piratas
Os pedófilos marcam consultas

E no telemarketing ninguém tem no chip a resposta pra sua
[pergunta
No mercado municipal, você compra os produtos
E a receita pra sua bomba atômica caseira
E uns vírus enlatados para uma guerra biológica
Com seu visinho chato, do bloco 13
O almoço e a janta, custam o genérico R$5,50 na farmácia,
Duas cartelas, para duas semanas
E o café da manhã, você paga baratinho
No bueiro da esquina, próxima estação.

diego marcell

02/11/2010

Alecrim

(30-09-05)
Minhas lagrimas são pedidos a Deus
Minhas lagrimas querem quebrar este quarto
E o silêncio
E o pecado
E todo asfalto
Querem molhar as vidraças
E depois estraçalha-las
Minhas lagrimas
Querem que meus pés corram
E terminem o deserto
Num segundo
Eu quero jogar bola
E deitar nos vinis de alguém
Quero pisar, pular
Nos vinis de alguém
Quero quebrar
Os tijolos de Berlim
E indicar o sentido dessa raiva
Desfocar as cartas perfumadas
Riscar os vinis de alguém
Saber o que é alecrim!

diego marcell

01/11/2010

Barro

(21-09-05)
Toletes de barro
Caem do céu
Em paralelo cai
Caem gotas largas de lagrimas
E até parecem cristal
Mas somos imunes
A sujeira desse tempo
Vingado pela força do céu
Não é para nós
É só para as criaturas.

diego marcell