30/06/2011

Restos

Vou cagar com a porta aberta
Pra todo mundo ver que eu não tô de brincadeira.
Almofadas de papel higiênico
Que voltaram da tropicália
Que exclamam na cara
Sou ministro!
Ou
Sou jovem!
Ou então,
Sou!
Você não representa nada
Tropicalismo nenhum
MPB nenhuma
Juventude ou modernismo.
Você é um resíduo do passado
Que não serve mais nem de ornamento
Para o meio banheiro
Enfeitado de crostas empoeiradas de mofo
E fungos.

Diego Marcell 22-01-2007

29/06/2011

Performático e musical

Das botas escorrem a noite
Mesmo que um grande desfile contorne nossa boca
As fotos são marcas
Outdoores
Vídeos são alternativas
Provas
E mistérios
As plasticidades das esculturas
Nos cantos das salas
Suas formas
De ruas performáticas
Seus desenhos no cubo
Tudo isso é filmado,
Mas nas poesias que lambuzam os mangues
Que injetam nos campos
Que correm como créditos revelando palavras
Pelos pisos, paredes e tetos
Dessa compacta
Bomba cúbica, de objetos performáticos
E musical
Temática.

Diego Marcell 18-01-2007

28/06/2011

Matagal, espiral e tal

Rastro parido
Nos pós da mata fechada
Desses apartamentos enclausurados
Espelhos da ruína filha
Dos pentes ego cítrico
Pendente mar perfumado
Que aterra gargantas que gostam de expelir dejetos orgânicos
Dinheiro de papel
Resto de pesadelo.
Cidade suja
Me prende
Eu estou no sono engarrafado
Dessa avenida sem samba
Desse sinal sem trânsito
Dessa calçada pivete que é coração
Estou na chuva salgada
Dos beijos
Lágrimas
Gritos que sujam os pisos de rouquidão
Beijar seus pés é silêncio
Beijar sua nuca é buzina
Beijar seus seios é Rockabilly
Beijar suas coxas e virilhas é correr na noite
Beijar sua barriga é confete
E eu no sono
Sonho no carro
Corro engarrafado
Do líquido virgem
Que é dia inocente brotando no vidro
Tímido
De um bocal, boçal
De batom vermelho
Eu sento no banco
Do Brasil, da praça
E vejo as velhas no seu quadril
Exposto
De esgotos pelados
Esbanjando declarações mal reproduzidas
De suburbanos artistas de novelas
De gazes secos
Da cidade frígida
Que rodeia a minha
Tão pura e tão suja
Que aquece o cilindro do mar
Tão rente quanto gaivotas na caçada.

Diego Marcell 17-01-2007

20/06/2011

Fios de desordem

Você largou
O tempo
O dia
Quando chego ao cristal da manhã
Ainda triste
Busco você no mar raso da madrugada
Nas poesias políticas do meu discurso,
Mas os fios e as redes estão apenas nesta cidade
Você conta coisas aos parentes no interior
Eu sigo só
Na fome das interpretações
Dos cheiros do sexo
Eu sigo fraco
Re-sujando louças de ontem
Re-amontoando sonos de ontem e antes de ontem
Sigo respirando o teatro da minha insônia
Representando nos silêncios do vazio
Esquecendo corredores amarelos que amanhecem
No febril canto dos galos
Dessa nublada folha de zinco
Que chapa a minha janela
Aquela mesma, que canelada
Me legitimava no eco dos tempos de faculdade
Nos tempos de escola real
Que já estou quase no primário
Da minha rouquidão estéreo-psíquica
II
Jogo as luzes para 1990
1991
1988
1995
1985
E aí segue
Jogando luzes de janelas curitibanas
Janelas praianas
Hoje aqui, nesse filme tempestuosamente outonal de verão
Ele cospe nos arranha-céus da mentira
Das piscinas frias do olhar
Motivações são quedas livres para o delírio do trabalho
Da escravidão
Empurrões são cortes de azas perfeitas
Atrofiar seu ser com relativos atalhos
Com supostos manifestos para respectivos patamares
Porém, estes não existem
Ficaram no passado, ou então em palácios de monarquia
Ou política brasileira
Mas no resto...
Ela foi extinta do dicionário de fuga, de ordem
De funcionamento
Só há
Faça como acha
Como sabe
Como aprendeu do aprendizado pós-capacitacional
Faça antes de esquecer
E depois de ter certeza
Mesmo que a incerteza seja certa suficiente para se entregar a ela
E as mudanças de rota
Pois a descoberta te leva
À mudança.

Diego Marcell 17-01-2007

07/06/2011

O que é Modertrô?

Modertrô: Na linguagem é estética, no conteúdo é pensamento pós-moderno partido da não revelação desta transição de era, mas expressão particular a partir da reflexão, impulsionado pelo contemporâneo que se torna o instrumento de materialização de tempo e espaço com memórias infantis em fundamento num campo da pós-modernidade, resultando no artista o conceito de Modertrô. Ou seja, elemento do indivíduo criador de pensamento pós-moderno na literatura, filosofia e arte.

A inspiração do tema torna-se também revelação ao autor, que encontra nos anos 80 o protótipo, mesmo que arcaico, mas absoluto desta nova era. Anos depois com conhecimento mais concreto sobre o tema o autor descobre que a sua intuição estava certa ao projetar isto, mesmo que com nome próprio: Modertrô.

Diego Marcell