16/07/2011

Onirismo 1

Estou na curva de um risco profundo, que desalinha meus olhos, que desnorteia minha sede. Esqueci meus pigmentos e minha razão irracional no ultimo polegar apontando uma festa após a estrada. No ar condensado desses espaços, descuidadosamente agraciados por bambus e uma luz que 24 horas está perfeita entrando pelas frestas, aqui é preto, branco e azul, coloridas são as pessoas que raramente atravessam, passos áridos picoteiam o som, estilhaços da rua formam a usina da vida contemporânea.

Respira apenas a importância de outra pessoa na minha vida, ainda aprendendo a cuidar dela sem me esquecer, abrigando meu cheiro no dela sem voar ainda, é hora de mergulhar sem parar, até se afogar num salário mísero, eu esqueci meus conceitos, claro que não, se não eu não estaria escrevendo, pois ela febriliza minha concepção sem parar, minha concepção de vida.

Vou rodando, odeio puxar os cabelos, sentir fome e não ter arte pra ver e outras pra fazer.

Vou rodando de ar em ar sem me vender ou render ou sobreviver não sei qual a parábola mais exata nessa estória que eu invento; nos lapsos que esqueço da verdade choro na depressão da pressão.

As fotos envelheceram, os vídeos saíram de moda, o texto ficou sem assunto, a música ficou sem melodia e tudo ficou sem sentido. Sei do que eu preciso!

Diego Marcell 01-02-2007

15/07/2011

Retenção no corpo

Por favor, não me tranque aqui
Nos suspiros da noite
Tentando achar saídas dementes
Para produtos sem validade.
Por favor, não me diga o que fazer
O que pensar
O que dizer
Não me tire a inocência
Não me tire a experiência
Não controle as minhas qualidades
Me curta
Se divirta
Feche os olhos e balance
Se jogue na avalanche
Me faça dormir em noites assim.

Não gosto de perguntas para preencher tempo
Não gosto de conversas preliminares de principais
Não gosto do personagem formal das entrevistas
Os ternos e sapatos de ocasiões estranhas,
Não gosto de papear intimidades com desconhecidos
Não gosto de mentiras para conseguir o que se quer
Satisfazer para se satisfazer
Se eu dou, não peço
Se me pede, não dou
Gosto do espontâneo
Do sentimento humanizado
Reflexo de alma e coração
Sentimento que causa uma verdade tão absoluta
Que não lhe retém mal algum.

Diego Marcell 27-02-2007

13/07/2011

Vandalismo para o bem

Até nas minhas poesias manuscritas
As formigas querem entrar
Tantos bichos nos subúrbios
Que eu quero ver o mar entrando
Por debaixo da porta
Ele vai subir as paredes como uma trepadeira
E vai devorar as aranhas-marrom
Ele vai dar luz à noite
E será uma madrugada iluminada
Uma madrugada azul
Com espumas brancas rondando praças e presídios
Ondas havaianas abençoando hospícios
E estrelas pontiagudas metralhando
Escolas
Prefeituras
E outras repartições
Públicas
Como um grupo de vândalos organizados
Pelo bem da humanidade
Remédio de sal para a cidade
Para as ruas
Ondas de paz
E liberdade
Espumas de alegria
E estrelas de justiça.

Diego Marcell 27-01-2007

06/07/2011

Vontade complexa

Muita idéia pra pouca conexão
Aqui as pessoas não têm costume de acreditar
Só sabem admirar
Talvez criticar
Apoiar só com palavras,
Mas elas não acreditam em uma idéia
Talvez por serem muito mentirosas
Ou por não terem idéias
Suas criatividades se enclausuraram na infância
E agora suas mentes são pedras
Não germinam
Sofreram essa poda excessiva
Na escola
Em casa
Na rua
Não lêem
Não assistem bons filmes
Não ouvem boas músicas
Não tem acesso a boa música e por isso não vão atrás.
Eu queria as pessoas daquela velha comunidade hippie
Aquelas dos grandes grupos teatrais
Do circo
A turma do cinema de Kombi
Eu queria que o Complexo Arte Livre
Fosse um grande mutirão
Vários artistas se unindo para realizar
O trabalho ou a idéia do outro
Sem obrigação
Apenas havendo a concordância
Pelo trabalho que você se identifica
E acha que lhe cabe ajudar
Como REDES
Ela se forma e se desfaz,
Muda a cada trabalho.
Agora o Complexo parece já ter tomado forma,
Mas isso não impede de surgir outro.
Essa é a minha vontade.

Diego Marcell 24-01-2007