25/05/2011

A cuíca é alvorada

A cuíca é um galo que entrou no samba que atravessou a madrugada.

Diego Marcell 09-01-07

17/05/2011

Corredor da mente

Eu sempre volto
A esses corredores
Que correm filmes antigos
Que faz eco a arte
A o mistério
Volta ao outono de janeiro
E quando nubla o céu
Mesmo que eu exale o mar
Corro livre nos corredores
Que sujo com as areias que caem das minhas calças
E canto para me ouvir
Pintando praias e gaivotas nesses palanques no meio do salão
Eu sinto o cheiro das grandes cidades
Das grandes liberdades
Das grandes artes escondidas,
Inéditas
Eu sinto o cheiro do mar
Do mito que se acaba nos meus pés
Eu volto ao jardim na certeza que devo sorrir
Com a melancolia da alegria
Eu faço a panorâmica que não alcança o fim
Nos planos seqüências
Eu limpo o sonho
E me deixo levar
Por ondas de certezas e incertezas
Que é ótimo estar.

Diego Marcell 08-01-07

14/05/2011

Fotos de dezembro e janeiro

Uma pincelada rasante de luz
No fundo dos cata-ventos sem ventos
De um centésimo de segundo imortalizado
A espera de ilhas estreladas
Que se pariu na noite logo mais
Trazendo um rio salgado
Quase lodo
E a sua degradada embarcação
Bote que mostre trevas brilhantes
De reflexos estrelares
Em galhos e jacarés posicionados
A guisa fogo de um ataque
Um desastre ecológico
Qualquer
Em seios de pó
Seco e úmido
Para abracar seus peixes
Ou umedecer suas saias longas
De algodão
Tingido
Pelo brilho hermético dos olhos
Atemporais.

Diego Marcell 05-01-06

13/05/2011

O suor que derreteu o soneto

I
Na quebra da cozinha fria
Reparte barras amargas e secas
Das luzes de um soneto que perdi
Tentando inviabilizar
Tropeço em meus versos
Que derretem com minha memória
Nesse suor que evapora idéias fixas,
Agora manchas no azulejo.

II
Quem ronca,
Quem ergue o dedo
Como se naquele momento fosse o sábio
O sonho
O perdão
E até a paz, mesmo que lá dentro houvesse o pesadelo
Mas esse... já não há
Pois derrete, exala moscas azuis e verdes
Nas florestas do Balneário
Dos esgotos que me banhavam pelos idos de 1992
Agora sigo apanhando de pernilongos mais calmos
E ventiladores estragados
Sigo na pele cremosa da namorada
Que repelindo o sol, automaticamente repele meus dentes
E minha língua
Essa que a pouco se enchia
De água para escrever
Mas evaporou no suor das lâminas
E agora se enche de água
Para lamber
Outras lâminas salgadas
Mares entre florestas que agora
Me guardam
Quase 15 anos depois

III
Agora é a vez do céu suar
Trazendo água para chuveiros
Para nucas suadas e sedentas
Vidraças suadas e sujas
Sarjetas úmidas e defecadas
Sarjetas que urinam nas calças
No meio-fio das calças
Arranha-céus travados, cagados
Que vomitam no mar
Que em 1992 me banhava
E hoje cobre os argentinos de
Vómito, urina e merda
Merda das nações
Caviar que virou merda
Que alimenta peixinhos
Que derrete as areias soltas
E formam uma lâmina de sujeira
Nessa areia
Agora esses arranha-céus paralíticos
Particulares
Milionários
Chiques
Famosos
Cagam nos argentinos
Nos franceses
Nos chilenos
Nos paraguaios
Nos camboriensses
Nos mafrenses, não!
Nos mafrenses, também!

Diego Marcell 05-01-07

03/05/2011

Código Particular

O "eu" é meu mistério que desorganizo e manipulo para exteriorizar a ciência que desconheço.

Diego Marcell 23-02-10