15/10/2010

Stúdio

(05-11-07)
As pessoas passam
Sacolas penduradas em ombros duros
A dança não sai da cabeça
Como o telespectador do filme.
Mas um manequim que se lambuza com a tinta
Sozinho no seu estúdio
No seu espasmo
Baba-se com letras que lhe sujam a cara
Os livros estão derretendo em seu cabelo
E as ondas do disco mexem as cores no teto.
As pessoas são robôs que se repetem num programa no vídeo
E a sua caneta ainda dança
Mais lenta que a cabeça.
Talvez o fragmento seja esse núcleo
Que se completa na estética
Do que o artista sente
E ainda sendo um fragmento
Minúsculo
Já é maior que o infinito abstrato da razão
Das pessoas normais.
Os prédios se formam nas estantes
Mas só num clip oitentista se veria.
Eu mergulho nas espumas desse núcleo
Nadando em busca de alguma surpresa
Enquanto as paredes se movem
Os carros passam no mesmo sincronismo
Enquanto os livros mudam as linhas de lugar
A internet evolui na mesma retrocidade
De notícias óbvias.
Só a fome muda os valores;
A cor e a dúvida se resguardam.

diego marcell

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