03/11/2010

Apocalipse? Só se for agora!

(18-09-07)
As pessoas entram nas cápsulas
E rapidamente percorrem grandes distâncias
E através de uma pequena janela
Vê-se o mundo inteiro
E onde pisa
E onde encosta
E onde fica
É tudo torneado em pedras
E pedras das mais variadas e diferentes
E o verde é artificial
E as pessoas andam em linha reta
Como se não vissem outras que se cruzam pelas ruas de pedras
Essas ruas parecem um céu com estrelas que não param de cair
Invisíveis a olho nu, micróbios artificiais movimentam a
[cidade
Que não para
E os vírus alimentam a cidade
Olhos vidrados que não enxergam
Mentes e corações endurecidos
Como estas ruas de pedras coloridas
De formas variadas
Eletronicamente pisca a cidade
E o barulho de uma orquestra bem ensaiada
Ou melhor, eletronicamente programada
Sincronizada toca, regida pelo relógio
Mas nenhum ouvido pára para ouvir
Nenhuma boca abre para cantar sobre essa base de
Musica contemporânea
Só o coral de loucos e mendigos
Porque estes nem sabem o tempo que estão vivendo
Estes que restaram das esmolas empoeiradas da normalidade
Porque os outros que pelos canos circulam como sangue
Pelas veias da cidade
E seu corpo não tem onde defecar
E a cidade está entupida
E sua gordura não tem onde mais se alojar
E sua verdura está virando um cenário descartável
E sua energia está acumulada nos reservatórios
E seus bolsos estão derramando pelas ruas de pedras coloridas
A sua radiação
E as pessoas se contaminam, mas não se comunicam
Sem uma janela de proteção
E não se contaminam pelos olhos
E não se contaminam pela idéia
E a cidade se afunda na névoa da alucinada droga
E seus mundos paralelos desembocam numa cidade fantasma
E as torres de notas, desmoronam como espirros
E seus casulos cada vez mais abafados
Refrescam-se na promiscuidade das redes
E seus personagens cada vez mais irreais
Solucionam contas de matemática básica
E suas crianças são avós dos seus presidentes
E os cavalos coloridos fazem barulhos ensurdecedores
E os burros de carga costuram os casulos um pouco mais lentos
E os transportes programados esquecem seus códigos
E matam claustrofobicos em qualquer deserto suburbano
E as aves monstruosas caem dos seus ninhos mal cuidados
Matando milhares de pessoas
E os elefantes esburaqueiam e atrasam longos trajetos
E as grandes serpentes seguram a cidade na hora do rush
Cruzando lenta, com sua mercadoria
E um câncer se forma, e como vulcões explodem em guerra
E desse câncer sai a alucinada névoa pra mente da cidade
E os labirintos cada vez mais, indecifráveis
Guardando cada vez mais, coisas indecifráveis
E o manto de dígitos que cobre a cidade,
Dos pés a cabeça
Deixando-a sobreposta de informação
Marmitex,hotel, promoção, 50o graus, ...
E dentro daquela base de orquestra
Há um play-back de locutores que cantam suas promoções,
“_hoje promoção de tainha!”
“_não percam no próximo sábado, show com os robôs efêmeros!”
E os bancários sobem escadas
E os técnicos dessem galpões
E os chefes bebem seu óleo disel
E os andróides fazem fisioterapia
E os alunos fabricam cobaias
E os professores limpam as pistas
E os policiais fumam os crimes
E os prefeitos nadam no espelho
E os religiosos mentem ás estátuas
E as prostitutas brincam de santa
E os viciados ascendem suas velas
E os errados fazem sua parte
Enquanto os motoristas fazem greve
As aberrações fazem um advogado
Porque no SUS ninguém trabalha (como na prefeitura)
Dentro da maquina, a lei vigora
Lei dos piratas
Os pedófilos marcam consultas

E no telemarketing ninguém tem no chip a resposta pra sua
[pergunta
No mercado municipal, você compra os produtos
E a receita pra sua bomba atômica caseira
E uns vírus enlatados para uma guerra biológica
Com seu visinho chato, do bloco 13
O almoço e a janta, custam o genérico R$5,50 na farmácia,
Duas cartelas, para duas semanas
E o café da manhã, você paga baratinho
No bueiro da esquina, próxima estação.

diego marcell

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