31/10/2010

Quantas idéias

(06-09-07)
Idéia, risco de tempo
Pingo de gás
Chama de estrelas
Idéia,
Segundo abstrato
Lapso de perfeitude
No não lugar caótico
Cor no nada
Gol no estádio abandonado
Atuação perfeita do cotidiano
A ultima frase da canção
[tudo que veio antes, era besteira
Idéia é o ganho de um todo perdido
Idéia é o jogo descritível do impossível
Idéia é remédio sem contra-indicação
Idéias que se perdem, deixam o perfume da esperança
Idéias que deixam a essência
Ou idéias que se perdem, mas alegram o que seria frustrado
Idéias que não vieram para cá
Mas estão numa linha de um texto banal
Estão lá, no silêncio póstumo
No silêncio barulhento do porvir
Estão lá para salvar o texto
Estão lá como fotografias do épico
Pra salvar no momento certo
Um quase irrisório momento de poeta
Estão lá, espremidas, amassadas
Humildemente tranqüilas
Elas são, o velho camisa 10
Que sabe que só ele sabe
Mas espera a hora certa
O momento mágico, não é ele quem faz
Mas é ele quem usa
Ele sabe, o momento chegou, ele sabe perder o momento
Isso é a idéia
Um risco no tempo
Um vácuo no espiral
Uma chama de rabiscos
O lapso
A perfeitude
Do lugar comum fora de ordem
Fora de órbita
Fora de si.

diego marcell

30/10/2010

Limite

(24-11-07)
As verdades do homem, o aprisionam
Na escravidão de acreditar nele mesmo
E criar azas secas e mergulhar no abismo
Na velocidade da queda, achar que voa pela própria força
Se esse músculo rasga
Só assusta o outro braço
Mas o metal que corta o seu fio
Não se abala com o que a carne acha
E ri de quem se ilude no próprio limite.

diego marcell

29/10/2010

Todo tempo

(Pra Keelzinha, 2006)

Eu nem derramaria sobras de tentativas para infectar
Nem amarraria o passado, para não vê-la chorar
Só quero me livrar dos pacientes.
Que o fim de semana seja nosso
Ou que as outras noites não precisem ser chatas
Não adianta ter você, sem você na madrugada
Quero-te 24 horas, e te falar agora
Sem precisar relembrar no outro dia e ainda esquecer
Das desculpas de qualquer coisa
Do dizer em forma de fazer “eu te amo”
Que é muito melhor
E ele tem sentido real
Porque só realmente a gente sente.
Eu amo de longe, pelo telefone
Mas te amo comigo
De todos os modos e sem modos
Todos os momentos e até nesses momentos
Longe,
Só,
Saudade,
E viagem.

diego marcell

26/10/2010

Revelação

(07-05-07)
Os anjos do mal
Caem com a beleza
Da profecia
Que se realiza
De antiga poesia
À história que se inicia
É a profecia
Em seu tempo
Esplendido mistério
Nos é revelado
Em velocidade, desconhecida.

diego marcell

21/10/2010

Só aos 15 anos de jogo

(04-09-07)
Gelo sobre os poros
Mas ninguém sabe o que há por baixo
Gelo que muda a geografia
No silencio da sensação
Que agora é delicada demais pra fazer algum som
Misterioso algum tempo
Nas dores da lentidão
A lentidão que hoje é essencial para não sentir as dores
Que o branco multiplicou.
Tudo é muito estranho
Quando você não sente um dia comum
Um aquecimento comum
Que a cabeça não acha
Na estranheza da tranqüilidade
O risco corre nas ruas que a adrenalina recua
Parece que os minutos foram comprimidos á minutos depois de
[minutos
(ou melhor)
Depois de um segundo (ou um tempo irreconhecível)
Que os minutos começam a valer.
Uma cena cansada de ver,
Mas agora compreendida na pele
O perigo de não entender o personagem
Não vestir sua pele
E acaba fazendo vexame ao não respirar sua alma
Numa pergunta,
Numa corrida,
Numa dividida.

diego marcell

20/10/2010

A mulher fatal não encontra o coronel do café (do gibi)

(18-10-07)
Retrato obliquo de uma vida em desenho
Fórmula esnobe na mentira da existência
Ação envolta por roteiros marcados
Cheiro artificial no buraco, um tiro na parede
Rastro pecaminoso.
Olheira subjugada no manequim
Um pó pra cada frasco
E uma grande poeira pra sua estante
Na parede, ser modelo, ser exemplo
Nas ruas ser normal, naturalmente artificial
Carregar pastas cheias de documentos falsos
Cifras negativas
Devendo uma boa história
Uma boa razão
Uma boa vida.
Desenho sem cópias
É negar a própria existência.
Cheiro falso das ruas
Moças virgens ardendo pela hora errada
E um pistoleiro aposentado,
Aguardando sua eterna recompensa que nunca chega
Pois o seu nome não consta mais nem na caixa postal
Muito menos no Google.

diego marcell

16/10/2010

Poesia new wave

(22-10-07)
Ocupando o salão
Encostando nos seus palanques de sustentação
Um pouco do impossível
Toda velharia das galerias
Todo produto que conservou
O antigravitacional
Não resiste ás traças
E aos invisíveis.
Um por do sol rebatido
É sem graça
Entra aguado pela porta
Arrasta-se cansado pelo chão
Escamoteando a beleza natural da avenida.
Quero encher de luzes brancas
As prateleiras
De revistas de uma cor natural
Empilha-las
Livros disformes, como o delírio de uma metrópole em sombras
O luar é branco, como as espadas de luz
Pichações, batidas, jeans velho
Móveis de época
E modernos computadores
Tudo onde grita a plasticidade do sonho
A mente batendo na roupa
Não raro por aí, mas parece que sim, por aqui.
Desfile e tropece por montanhas literárias
Embarque nesse mar
Com navios musicais
A sonoridade da palavra
Teatro
Aprende-se no ar.
Conchas do mar e eu quero a pele que o vento gosta
Negros bolachões para cultivar a bulimia
E os raios elétricos fazem dançar
Sem auxilio de drogas,
Movidos à água.
Remexidos no tempo.
Luz pra quem conhece, gelatina
Já não precisa, reflete nas
Jaquetas coloridas de couro e
Nas de vinil. A memória cobre
As paredes e ninguém fica sem assunto.
Troque tiros de festim, o campo está montado,
Mas não fira o outro com palavras erradas,
Entenda os motivos.
Caixas para todos os gostos
Todas as cores
Todas as modas
Certas e erradas
Mas a tendência é a busca e a certeza da certeza
A diferença de estilos e um pensamento que une
Venceu a incógnita do deserto no salão?
Talvez sim, talvez não, mas o progresso invade o sonho também.

diego marcell

15/10/2010

Stúdio

(05-11-07)
As pessoas passam
Sacolas penduradas em ombros duros
A dança não sai da cabeça
Como o telespectador do filme.
Mas um manequim que se lambuza com a tinta
Sozinho no seu estúdio
No seu espasmo
Baba-se com letras que lhe sujam a cara
Os livros estão derretendo em seu cabelo
E as ondas do disco mexem as cores no teto.
As pessoas são robôs que se repetem num programa no vídeo
E a sua caneta ainda dança
Mais lenta que a cabeça.
Talvez o fragmento seja esse núcleo
Que se completa na estética
Do que o artista sente
E ainda sendo um fragmento
Minúsculo
Já é maior que o infinito abstrato da razão
Das pessoas normais.
Os prédios se formam nas estantes
Mas só num clip oitentista se veria.
Eu mergulho nas espumas desse núcleo
Nadando em busca de alguma surpresa
Enquanto as paredes se movem
Os carros passam no mesmo sincronismo
Enquanto os livros mudam as linhas de lugar
A internet evolui na mesma retrocidade
De notícias óbvias.
Só a fome muda os valores;
A cor e a dúvida se resguardam.

diego marcell

14/10/2010

Sistema urbano

(09-05-07)
A cidade é uma massa eufórica,
De pigmentos alusivos.
Cortinas são essenciais pra essa característica
Onde as sombras dos prédios
Formam miragens
Das mais diversas linhagens.
Das janelas das naves
Os riscos formam galáxias
E as ruas são velozes de mais
E só os sinais
Vermelhos cometas
Alterando o sistema.

diego marcell

11/10/2010

Répiauer

(02-10-07)
Depois da ponte, eles não riem mais
Salve raras exceções
As aberrações agora tiram a fantasia que os equalizam em seus
[empregos na outra sociedade
Agora o bizarro supera o relógio às cinco e meia da tarde
Aqui a cortina revela sonhos que você desconhecia
É só cruzar o estado pra playboy pedir esmola
E patricinha sujar os dentes
É só passar uma marca, para acenar com alegria para outros
[internos e dementes
Se a razão permeia a espera do trem;
Também a verdade descanse no meio dia;
A metamorfose avança depois das cinco.
Tanto pra quem vai, quanto pra quem vem.
Tanto pra quem não é mais o mesmo,
Quanto pra quem nem sabe quem foi.

diego marcell

08/10/2010

Na noite do centro da cidade

(30-07-07)
Eles querem fumar um cigarro
Varrer uma calçada
Que eles ajudaram a encher
De pombos
Eles querem dormir no frio
Como quem se cobre com estrelas
Mas de nada eles se vestem
Já que buscam o infinito
Que de tão infinito
Torna-se escuro
E não os cobre.
Suas costas, asmam
Seus brônquios, choramingam
Suas tetas, mamam
E seus medos, se floreiam na parede
Do muro social.
Seus relógios, rolexeiam pelas enxurradas
De uma boca-de-lobo.
Na cultura de um personagem sem passado
Seu passado é como seu cobertor de infinidade
Rolando, rolando
Sem saber mais, o que é verdade.

diego marcell

07/10/2010

A mosca radioativa

Sociedade

(2006)
Oh sociedade!
Onde está você?
Eu quero te ouvir
Eu quero te ver
Oh! Sociedade!
Você tem que aparecer
Ter motivo para existir
Eu quero te conhecer
Todos têm que conhecer
Você tem que expressar
O que te coroe
O que te faz pensar?
Todos dizem que você não pensa
Que por isso a tratam como animal
E se satisfaz
Com futebol e carnaval.

diego marcell

06/10/2010

Foram idéias

(19-08-07)
As vezes perco algumas teorias, filosofias ou poesias
Pelo sono
Pelo sonho atracado por outro
Pela falta de caneta
Pelo excesso de pensamento
Ou por viajar na escrita e esquecer o que eu ainda não [escrevi
Mas que era primordial, até então
E foi o que me aconteceu neste momento!

diego marcell

04/10/2010

Filme do Sebo

(01-09-07)

Reproduzindo a idéia
E delirando o descompasso social

O vício está na palavra:, “café”
Ou o corpo é muito esperto
Ou a mente que esta fazendo um jogo, estilo filme policial
Onde o que parece o óbvio, não é.

No tango das antigas arquiteturas da rua,
Vejo a beleza natural do despertar da juventude humilde
Com seu pop-genérico,
Deglutinando um café improvisado
Enquanto vê os carros, á passar

Ir ao Sebo, para achar disco da Cindy Louper

Ninguém não é gênio o tempo inteiro!
Alguém é gênio o tempo inteiro?
Ninguém é gênio o tempo inteiro!

diego marcell