30/06/2010

Falta

Em que livraria acho um Neruda
Um Wally Salomão ?
Em que bate papo vão descobrir, Nelson Rodrigues
Ou Lobão?
Em que cinema verei Glauber Rocha inspirando e iluminando
O escuro do nosso porão?

diego marcell
(2005)

28/06/2010

Prazer do depois

Beber e cagar
É o prazer do depois
Alivio ou dor?
Ressaca e banho
O mar te engole
Você ô vomita
Ele te abraça
Joga-te na parede
Você se irrita
Beijos ou areia?
Prefiro sonhar
Quem sabe o real se ascenda
Após o apagar das luzes.

diego marcell - poética em estética modertrô
(31-07-06)

23/06/2010

Sonhos e sonhos

Não preciso contar os sonhos
Para os sonhos
Sonhos indigestos
Mentem para a realidade.
Deixe-me aqui,
Na realidade sincera
Na paz do amor,
Não o sonho de vida,
Mas o que incomoda
É a mentira do sonho do sonho
Que é soterrado na realidade. Sem eu saber porque.

(05-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

17/06/2010

Eu quero dormir!

Está fazendo mal
Tomar café à meia-noite.

(07 de setembro de 2006, 3:08 da madrugada)

diego marcell - poética em estética modertrô.

16/06/2010

Sal e sol

Cheiro de banheiro
Cai na minha sede
Raspando meu paladar
Querendo e pedindo
Proteína, carne, ovo, leite
Chega de leite
Café com leite
Preciso de carne, sol
Charque, tubarão
Ligação
Preciso do latido
Do salgado, coxas e costelas
Preciso de todos os temperos
Na minha panela.

(05-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

14/06/2010

Chaminé

Poesia pelo telefone
Pés descalços no inverno
O roteiro do filme
Sob os raios da tarde
A geada derretida
O céu totalmente azul
Só a nuvem defumada sai para formar
O jogo mais calmo desse frio
Defumando a camada de ozônio.


(05-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô.

11/06/2010

Para Alex viajante

O dinheiro alonga o mundo
Com sua desenvoltura pessimista
Encurta os oceanos
Com rios e contas no banco
Se o Havaí é ali
O Haiti e o escambal...
A Espanha fica a um palmo
Do morro Almodóvar do Vidigal
A nado se move um bocado
A salto se dorme uns dias
A capital se diz oi e tchau
Na mesma freqüência
A Espanha é ali
Mas o ano passa nessa virulência
Deixando ainda mais necessário
Não ter distancia

Nesse era globalizada, o mundo é um lugar só!

(08-10-06)
diego marcell

10/06/2010

Meia volta Sem saída

Cabeças e corpos de bonecas
Pendurados no varal
Passou um segundo
Eu esqueci de tudo
Voltei, mas não achei
A porta estava trancada
E agora é tarde pra ligar
É tarde pra pensar
Barriga que incha
E desincha
Não dá para voltar.

(14-12-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

09/06/2010

Alegria ou ilhado

Ta chovendo, eu vou gritar!


(08-09-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

07/06/2010

Caixa?

No portão
Escorrendo framboesa
A fábula
Que quer se tornar real
Circula em si
Tendo olhares lisonjeiros
Tendo o único objeto inanimado
Como seu passageiro
A caixa na sua cabeça
Escreveram poesias
Nas suas cobertas
Que dançam agora de manhã
Entre suas pernas.

(23-12-05)
diego marcell - poética em estética modertrÔ.

06/06/2010

O tempo é circular

Meio ano férias
As mesmas músicas
Parece que nem passou
Remeto-me no passado
Que estou
Nunca estive
Sou um menino no nada
Um velho de mais pra massa
Um quarto, um metrô, um viaduto
Qualquer decadência
Vou pedir uma carona
Pra minha consciência
E procurar a minha praia

Falando sozinho
Se divertindo
35 milímetros
E eu seguindo a melodia
Cuidando da minha criança
Livres pezinhos na areia
Agora ta cedo
Mas eu não tenho medo de viver

Um passado musical
Foi prosódia para eles
Foi aberração
Que passa jogando seu ácido
Estou lhe reprimindo
Pra você sou replicante
Para outros um mutante
Ou até ninguém
Não me interessa o que sou
Posso ser isso, ou posso não ser.

(16-07-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

05/06/2010

Fugindo loucamente da nasa

(escrito no caderno do Guga em uma aula de cursinho em Curitiba no dia 26-07-05 e entregue no luau da casa do Eddie em Mafra no dia 16-07-06)

Como era grande aquilo tudo
De uma galáxia a outra
Levaria alguns dias talvez
Trocando em miúdos
Fiquei na lua
Brotando pensamentos pela Terra
Ocorrendo mutações nos seres humanos
O sol queimando
E tudo acaba na minha rua
No banheiro da sua casa
Fugindo loucamente da nasa

Sistemas ideológicos
E portas de saída
Buscando mulheres
A 400 graus de fervura
A 20 anos de dita-dura
Aonde vamos parar?
No banheiro da sua casa? Será?
Para fugir da nasa? Ou casar?

As barbas compridas
De velhos metidos
Não mudaram o sentido
Da nossa paixão
Se nunca ver o sol
Azar do camelô
Pois o nosso amor
Não tem razão.

03/06/2010

Poetizar

Sonho comum de poeta amanhecido
Para praia e vestidos
Defeitos e perfeição
Na fotografia sendo vida
E vida filme de ficção
Na película dos olhos
Ou no vídeo bêbado
A praia se guarda
Ao poeta das bicicletas
Sonho excêntrico de poeta desconhecido
Desculpe baby
Esse teu sorriso
É tão liso que me hipnotiza
E se eu te levar
E a praia estiver vazia
Cheia dum fruto
Pra nos alimentar
E se eu tiver sonhos de madrugada
Recordando minha gramática
Corrigida pela sexta vez
Farei-te as vitaminas
Que aprendi com os surfistas das antigas
Farei-te amor na graça
De incontroláveis dias compridos
Em que vimos o sol e a lua no mesmo turno
Se enturmarem como num teatro psicodélico
Cheio de assuntos, pontos e flores
No lirismo de uma conjugação histórica
Que Deus decidiu eternizar
Sem ponto, sem tombo, só somos e servimos
Como num teatro psicodélico
Cheio de assuntos, mundos e cores
No lirismo de uma escrita histórica
Que Deus decidiu nos passar
Sem erro, sem medo
Pois somos filhos e servimos para adorar
Poetizar, poetizar, adorar, amar
Amar.


(13-06-06)
diego marcell - poética em estética modertrô

01/06/2010

Labirinto

No labirinto que viajo
Segue a moda em mim
Rebate na parede sem reboco
O cinema de cada louco
As vozes de cada copo
Rebate no líquido eco de cada louco rouco
Cada violino brota um destino
Algumas caixinhas lançam um improviso
Aqui é samba, punk samba
Cada ouvido responde desatento, cada conversa paralela
Mas a boca apenas ameaça reagir
A não ser àquele velho samba
Que algum boêmio largou
A gordura, charme esplendido do boêmio,
Revigora-se a cada porção
E o labirinto se abre e se fecha
Como a sanfona do gaúcho
Levando um Carlos Gardel e depois um Teixeirinha
Levando um Adoniram e depois um Sex Pistols
Levando um beijo depois outro
Depois um aplauso depois um tapa
E antes de ir, dormir
Caminhar pela beira-mar
Atrás de uma concha ou um siri colorido.

(08-08-06)
diego marcell - poética em estética modertrô