28/06/2011

Matagal, espiral e tal

Rastro parido
Nos pós da mata fechada
Desses apartamentos enclausurados
Espelhos da ruína filha
Dos pentes ego cítrico
Pendente mar perfumado
Que aterra gargantas que gostam de expelir dejetos orgânicos
Dinheiro de papel
Resto de pesadelo.
Cidade suja
Me prende
Eu estou no sono engarrafado
Dessa avenida sem samba
Desse sinal sem trânsito
Dessa calçada pivete que é coração
Estou na chuva salgada
Dos beijos
Lágrimas
Gritos que sujam os pisos de rouquidão
Beijar seus pés é silêncio
Beijar sua nuca é buzina
Beijar seus seios é Rockabilly
Beijar suas coxas e virilhas é correr na noite
Beijar sua barriga é confete
E eu no sono
Sonho no carro
Corro engarrafado
Do líquido virgem
Que é dia inocente brotando no vidro
Tímido
De um bocal, boçal
De batom vermelho
Eu sento no banco
Do Brasil, da praça
E vejo as velhas no seu quadril
Exposto
De esgotos pelados
Esbanjando declarações mal reproduzidas
De suburbanos artistas de novelas
De gazes secos
Da cidade frígida
Que rodeia a minha
Tão pura e tão suja
Que aquece o cilindro do mar
Tão rente quanto gaivotas na caçada.

Diego Marcell 17-01-2007

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