20/06/2011

Fios de desordem

Você largou
O tempo
O dia
Quando chego ao cristal da manhã
Ainda triste
Busco você no mar raso da madrugada
Nas poesias políticas do meu discurso,
Mas os fios e as redes estão apenas nesta cidade
Você conta coisas aos parentes no interior
Eu sigo só
Na fome das interpretações
Dos cheiros do sexo
Eu sigo fraco
Re-sujando louças de ontem
Re-amontoando sonos de ontem e antes de ontem
Sigo respirando o teatro da minha insônia
Representando nos silêncios do vazio
Esquecendo corredores amarelos que amanhecem
No febril canto dos galos
Dessa nublada folha de zinco
Que chapa a minha janela
Aquela mesma, que canelada
Me legitimava no eco dos tempos de faculdade
Nos tempos de escola real
Que já estou quase no primário
Da minha rouquidão estéreo-psíquica
II
Jogo as luzes para 1990
1991
1988
1995
1985
E aí segue
Jogando luzes de janelas curitibanas
Janelas praianas
Hoje aqui, nesse filme tempestuosamente outonal de verão
Ele cospe nos arranha-céus da mentira
Das piscinas frias do olhar
Motivações são quedas livres para o delírio do trabalho
Da escravidão
Empurrões são cortes de azas perfeitas
Atrofiar seu ser com relativos atalhos
Com supostos manifestos para respectivos patamares
Porém, estes não existem
Ficaram no passado, ou então em palácios de monarquia
Ou política brasileira
Mas no resto...
Ela foi extinta do dicionário de fuga, de ordem
De funcionamento
Só há
Faça como acha
Como sabe
Como aprendeu do aprendizado pós-capacitacional
Faça antes de esquecer
E depois de ter certeza
Mesmo que a incerteza seja certa suficiente para se entregar a ela
E as mudanças de rota
Pois a descoberta te leva
À mudança.

Diego Marcell 17-01-2007

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